domingo, dezembro 23

Máximas do ano

Decidi reunir algumas máximas do ano.
Declarações oficiais ou não que ouvi em 2007, de familiares, amigos, desconhecidos, dos fotógrafos e motoristas do jornal e de tantas outras pessoas...

Vou deixar as frases anônimas para evitar polêmicas! Contribuam!


"Cheiro de neném é o melhor. Quer dizer, melhor que cheiro de neném é cheiro de carro novo."


"Mulher que não dá chilique não é mulher."
"Mas mulher que pede ajuda até para espirrar, ah, eu não agüento não."


"Fernanda, você trabalha em rádio? Então, senta e escreve."


"Quando a boca fala, os órgãos falam.
Quando a boca fala, os órgãos saram."
(dizeres de um cartaz na sala de emergência do Hospital de Base)

quinta-feira, dezembro 6

Dois CDs

Descobri, faz pouco tempo, que acabo por gostar mais fácil do que agrada as pessoas que amo. Vai me chamar de influenciável. Eu diria dócil só para não dar o braço a torcer.

Mas, com isto na cabeça (li vários livros das Brönte por causa da Joana, li C.S. Lewis pela Laís, me apaixonei por Harry Potter e Jane Austen por culpa da Fatinha), resolvi pedir às amigas idéias para novos CDs. Sem que soubessem deste motivo, enviei o seguinte email:

Queridas,

Se tivesse um tornado na casa de vocês (Deus as livre!), e vcs só conseguissem salvar dois CDs, quais seriam??
(Não vale dizer que no Brasil não há tornados ou coisa parecida, pensem, vai, e me escrevam os primeiros que vierem à cabeça, pleeease!!! )

Eis as respostas, compiladas!

Mariana Ceratti
1- Uma maxicoletânea do Stevie Wonder, que comprei nos Estados Unidos
2- Um do pianista cubano Roberto Fonseca, chamado Zamazu


Juliana Borre
Caramba, só dois???
Bem, acho que 1 - Disco V, da Legião Urbana, e 2- À Flor da pele, do Chico Buarque.
Nossa, teria infinitos para citar. Mas... só são dois, não é?


Célia Curto
1- O grande circo místico (Chico e Edu Lobo)
2- Transa (Caetano)


Laís Garcia
1- Beatles
2- Kings of Convenience

Érika Klingl
Essa é fácil!
1- Transa, do Caetano Veloso e
2- um de música gospel do Louis Armstrong com a capa vermelha e ele de terno branco

E vocês, que me sugerem, hein, hein, hein???
(Valendo a mesma regra, DOIS únicos CDs...)

quarta-feira, dezembro 5

Parabéns para você

Agora que as malas já estão abertas, parece que toda brincadeira tem outro tom. Sabendo da minha novidade, Daniel Ferreira deu um jeito de deixar o dia mais engraçado. Coisa boba, nada original (me perdoe, Daniel, mas é o troco hehehe), mas foi assim...

(Veja a foto abaixo. Daniel contou às crianças de 8 e 9 anos do Gama que era meu aniversário. Todas começaram a cantar parabéns na frente da jaula dos urubus).



Fiquei contente ao saber da missão a mim incubida, pois até tinha desejado fazer esta pauta no dia anterior, quando fiquei sabendo que amanhã (quinta) o Zoológico comemora 50 anos !!!

Passamos a manhã toda no Zoológico. Foi um dia legal, para ser exceção que confirma a regra da rotina em Cidades. Passeamos entre lontras, araras, formigas, hipopótamos e elefantes, tão de perto, junto com os tratadores dos animais. Um Show da Vida mesmo!



Para coroar, conheço o Dr Walter, 40 anos de Zôo, todos eles tratando elefantes!
Homem simples, de olhar manso, parece que aprendeu com os bichos a calma, a viver a vida cada dia por vez.


Encantada com a simplicidade (a simplicidade, quando encarnada em uma pessoa, sempre me atrai muitíssimo) do homem, fiz um pedido diferente: Daniel, tira uma foto nossa, vai.

Eu queria me lembrar daquele olhar, daquele homem que disse que trabalhar com os animais o faz estar mais perto de Deus. Que me contou como os elefantes o pegam pela boca, que me explicou que os hipopótamos vivem meio que sonhando e que quando "acordam", atacam. E que me disse que gosta dos elefantes pois são inteligentes, sensíveis (aqueles bichos enormes!!).


Que me confidenciou seu segredo ao lidar com bichos como girafa, onça, leão, hipopótamo, elefante, lobo e zebra: ter todos os dias dois dedos de prosa com cada um, tratar com carinho e não comer carne vermelha.



Eis o homem. Não é um encanto aos 60 anos? E 37 de casamento?


Um homem feliz, que faz seu trabalho com amor: "não quero mesmo sair daqui, sou sortudo de fazer o que gosto".

E ele ri e se despede.



segunda-feira, dezembro 3

Vizinho

Ela acordava todos os dias com um barulho fraco. Dois timbres repetitidos e um batido oco. Era o despertador dele, longe. Sabia que era hora e nem nos dias de preguiça ficava na cama. Semi-inconcientemente, lembrava dele e pulava das cobertas.

Sentava para tomar o café sem trilha sonora. Sua cafeteira preta sempre fez eco da dele. Mas a dela era mais rápida. Ou ela tomava menos café que ele. Se bem que ela não ia para o chuveiro antes do desjejum.

Saía depois que a porta dele batia. Não queria encontrá-lo. Mas ele sabia dessa artimanha. Esperava na escada ou perto do elevador ou na entrada do prédio. Para ela, depois do bom-dia, dizia o que tinha esquecido em casa e que o fez voltar e encontrá-la. Ela se ria. Sabia, sabia, sim, o que ele não tinha dito.

O vizinho de Gabriela era modesto. Mentira, era tímido. De ficar vermelho ao dar bom-dia. Mas não perdia a compostura se queria falar com ela. Tímido, mas não era bobo.

Naquela manhã escura - ela acendeu a luz do teto e não só o abajur, como de costume - ela não se encontrou com ele. Será que pela primeira vez em quatro meses ele lembrou de carregar tudo que precisava? Será que ele comprou mesmo uma bolsa nova que coubesse tudo, como ela cansou de sugerir?

As perguntas foram despencando na cabeça dela, com quase igual velocidade e descontrole como os pingões de chuva que caíam em todo o Rio naquele dia. Mas uma só fez o trovão. Ela se tremeu por não ter dificuldade em responder: ei, por que me importo tanto com este detalhe? ei, por que continuo a pensar nele?

No dia seguinte, nada.
Duas semanas, nada.
Mas Gabriela tinha tudo. Por dentro, tudo lá.

Boba, eu, pensava ela. Como me escapou o coração assim?

E ele volta? Férias? Mudança? Doença? Ela estava cansada de pensar. Cansada de perguntar-se. Se ela, a vizinha que sabia que horas a máquina de café dele funcionava, não respondia, quem saberia dizer?

No décimo-sétimo dia depois daquela chuva, foi dormir sem, outra vez, barulhos. Agora, o que incomodava era não precisar aumentar o volume do som para ouvir a bossa nova dela e não o tristonho ... (como é mesmo o nome do cantor com sotaque de Illinois que ele sempre ouvia? Ela não lembrava) dele.

Toca o telefone: Gabriela, aqui é Maurício. Você não sabe da maior. Saí para uma trilha e deixei a chave do apartamento debaixo do teu tapete. Queria pedir para você regar minhas plantas, de vez em quando, sabe como é... Mas eu esqueci de te avisar.

terça-feira, novembro 27

Doente humanidade


Me pergunto muito se a humanidade presta.
Sim, não se espantem.

Depois de acompanhar tantos crimes por perto, você se pergunta sim, de onde vem tanto mal.

Ainda bem que eu tenho onde achar a resposta.
(Segundo a Lenise, o importante não é decorar, mas saber onde encontrar as respostas...)

Sem mais filosofias superficiais da jornalista que tenta bancar uma de humana, ou sensível, vou ao motivo do post: a correria para pegar o crime desastroso.

Cheguei ao jornal às 17h. Nem sentei na cadeira, nem inseri minha senha do login.

Fernanda vá para chácara Céu Azul (hã??) e descubra tudo que puder deste crime: duas mulheres foram mortas a facadas e outra foi violentada. Tudo pelo mesmo homem.

ui.

Chego na fotografia, para ver quem vai comigo.
Começo a contar a história e rapidamente todos os rostos masculinos estão em mim, prestando atenção no crime que detalho.

Breno levanta e diz eu vou, chefe, pode deixar.
E vamos nós atrás da história horrível. Duas horas depois, já estou de novo diante do computador para escrever as 40 linhas.

Eis acima, a foto do dia, que Breno me tira na frente da delegacia.
Só ele para fazer graça num dia desses... :)

Menos mal, né?

segunda-feira, novembro 26

Vamos trocar?

Ninguém merece acompanhar o Arruda no Governo das Cidades, carinhosamente apelidado por nós, jornalistas, de Inferno nas Cidades. Até uma pauta mais trabalhosa é melhor que ouvir nosso digníssimo governador BERRAR no microfone, falando errado, para anunciar as obras sensacionais que fará em cada cidade satélite.

É de doer!

Mas, neste dia, até que Cadu e eu nos divertimos.
Enquanto ele me ensinava direito como mexer na lente (tele), outro fotógrafo nos tirou essa sequência de fotos (claro que o Cadu fez pose, né?)

(Obrigada, amigo, pela companhia num dia chato!)




sábado, novembro 24

Na rua, nas alturas, com os hidrômetros

Para fazer reportagem sobre os hidrômetros individuais nos prédios do DF (todos os 4,5 mil edifícios que não medem a água gasta por apartamento, terão de trocar os registros até 2010), fomos parar na cobertura deste prédio na 311 Norte.

Chegamos lá, espero pelo síndico, que foi trocar de roupa para sair bem na foto.
Detalhe: Eram 16h e eu ainda estava na rua, sem foto nenhuma da matéria, que ia sair no dia seguinte...

Quando o senhor aparece na cobertura, a máquina do fotógrafo (Iano Andrade) pifa.
Nunca vi isso antes, ele comenta.
E a máquina é das novas que o Correio comprou...
Pela primeira vez, vejo sair um fotógrafo e chegar outro, para fazer um simples personagem.
Ainda bem que era na Asa Norte, pensei.
No meio da confusão, fui adiantando as outras entrevistas, na rua mesmo.

Tava tão nervosa nesse dia (outros fatores do coração também contribuem) que nem me importei em sentar no parapeito e fazer as ligações.

Olhando a foto agora, até me assustei...

Fotos do Adauto Cruz, mais conhecido como Meu Lindo.


De agora para daqui a pouco

Não é exagero meu de carioca.
Mas aqui se vive assim, de agora para daqui a pouco.
Uma prova foi a tentativa de cortar o cabelo. Marquei a primeira vez, numa segunda-feira, para cortar o cabelo na quarta.
Na quarta-feira tive de chegar no jornal mais cedo. Nada de salão.

Depois, passaram-se mais dias corridos. Liguei de novo, sem graça, para marcar outra vez.
Dessa vez, pensei, vou marcar na hora do almoço. E foi o que fiz. Numa quinta, marquei para sexta, no dia seguinte.
E amanhecido o dia, chego na redação e ganho o presente de grego: governo nas cidades. Passei o dia todo na rua. E bem longe do meu salão, que fica na 403 Norte.

Na semana seguinte, não dava mais conta do cabelo enormeee! TINHA de cortar logo. Pensei que ia marcar o corte no mesmo dia. Liguei às 12h pedindo se poderia ser atendida às 12h30. Já viram isso? Muita metidez, não?

Dito e feito, consegui o horário. Saí correndo da redação, antes que alguém me mandasse fazer algo. E nem acreditei quando cheguei sã e salva na 403 Norte. Comentei com a moça que estava com vergonha de ter marcado e desmarcado tantas vezes...

Estou com os cabelos ensaboados, com a cabeleleira a lavá-los, quando o celular no meu colo, claro, começa a tocar !

Atendo. É a minha coordenadora, a Taís.

Fernanda, onde você está?
No salão.
AONDE?
Tô cortando o cabelo.

Olha é que tem uma pauta que precisamos fazer na hora do almoço, pois você tem que entrevistar pessoas na praça de alimentação do Pier 21. Se não for agora, depois não vai ter ninguém lá em plena segunda-feira, entende?

(O argumento era pertinente, afinal.)

E você acha que demora muito?
Eu acho que não, Taís, em 20 minutos tô pronta.

Então, me dê o endereço que eu vou mandar o fotógrafo ir aí para te buscar no carro do jornal.

Em seguida, eu viro para a cabeleleira, que subitamente ficou meio nervosa...

Olha, não se preocupe, viu, eu não sou Fátima Bernardes, então não vou sair daqui desesperada. Tome seu tempo e corte meu cabelo com calma, tá?
Não quero depois ficar com meses de prejuízo, de cabelo estranho por causa de uma pauta que nem sei se vai render, né?

E depois não é mesmo que a pauta caiu?
Só serviu para tomarmos, Kleber Lima (o fotógrafo) e eu, uma casquinha do Mc Donald's no Pier 21...

sábado, novembro 10

Unidos, no plantão

Aqui estamos todos, (gire sentido horário):
Correio Braziliense, Record, CBN, Jornal de Brasília e Band News.
Esperando o Timponi (caso acidente na ponte JK) aparecer...




Depois da foto do homem, a pose com cara de sono (Já passavam das 22h). Aqui, Gustavo Moreno e eu, num raro momento em que o fotógrafo sai na foto.


Fotos do Adauto Cruz

quinta-feira, novembro 8

No cemitério dos animais

[ Para comemorar as 3000 visitas, a Carol Lasneaux, jornalista de Cultura também daqui do Correio fez a gentileza de escrever esta historinha para vocês ]

Cá estou, feliz e contente, trabalhando no feriado de Finados. A chuva devastadora (que derrubou a parede de um apartamento no meu bloco) ainda não tinha começado.

Antes de conferir como estava a situação no cemitério de Taguá, passei no lugar onde as pessoas enterram seus cachorrinhos e gatinhos de estimação. Impressionante! Nunca tive bichinhos em casa, mas imagino que deve rolar um vazio quando eles morrem.

Mas, sinceramente, manifestações exageradas de carinho aos bichanos me assustam! Lá no cemitério animal vi túmulos chiquérrimos, com granito e tudo. Muitos enfeitados com flores artificiais, o que significava que, mesmo sendo 10h de um feriado, muita gente já tinha passado por lá. Tinha até um ossinho dentro de um pote de maionese (!) deixado delicadamente sobre os restos mortais de um au-au.

Lá pelas tantas, encontro uma senhorinha com a neta, empenhadíssimas em deixar o lugar onde jaz Mimo, gatinho que morou com a família por 17 anos, nos trinques para o feriado. Conversa vai, conversa vem, surge a pergunta:

"Depois que Mimo morreu, vocês se interessaram em cuidar de outro bicho?".

Na hora percebi uma risadinha da neta. Imaginei que a resposta não seria muito normal.
"Sim, sim. Temos 15 gatos em casa".
Tá, tudo bem, gato pode até ser fofinho, mas criar 15 em casa?????????

O comentário saiu da minha boca instantaneamente:
"Ah, então vocês devem morar numa casa bem grande, né. Para acomodar a bicharada toda!".

Nesses momentos, não consigo entender a razão de não ter ficado com a boca fechada:
"Não, que nada. Moramos num apartamento mesmo. São poucos quartos, não é grande, mas cabe todo mundo junto!"

Ui!

Na foto, eu com cara de desolada segurando o equipamento do Iano Andrade, enquanto ele fingia que tirava foto do túmulo de algum bichinho.

terça-feira, novembro 6

Eu perguntava pelo holandês

Quem não cantava uma música errado?
Mas essas são de bater recordes...

Em negrito, as letras originais
Abaixo, vem a versão cantada, na mais pura ingenuidade (ou ataque de bobeira)

Por onde for, quero ser seu par (Andança)
"Por onde for, quero ser seu paaaii."

Eu perguntava Do you wanna dance? Eu te abraçava. Do you wanna dance?
"Eu perguntava pelo holandês. Eu te abraçava, tu e o holandês."

E é você que ama o passado e que não vê. (Elis Regina)
"É você que é mal-passado e que não vê".

Entrei de gaiato no navio, oh, entrei, entrei pelo cano. (Paralamas do Sucesso)
"Entrei de caiaque no navio ô, entrei entrei entrei pelo cano."

É como não provar o néctar de um lindo amor/ depois que o coração detecta a mais fina flor. (Skank)
..."É como não provar o néctar de um lindo amor/ depois que o coração defeca a mais fina flor"

É preciso saber viver. (Roberto Carlos/ Titãs)
"É preciso saber me ver."

Eu sinto a falta de você, me sinto só (Vanessa Rangel)
"Eu sinto a falta de você, me sinto um sol."

sexta-feira, novembro 2

Post nº 100 - Alegria!

Samba da benção
(Vinícius de Moraes)

É melhor ser alegre que ser triste

Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração
Mas pra fazer um samba um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
Senão não se faz um samba, não

Senão é como amar uma mulher só linda; e daí?
Uma mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza
Qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado
Uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher
Feita apenas para amar, para sofrer pelo seu amor
E para ser só perdão

Fazer samba não é contar piada
Quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração
Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não...

Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba não
Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração

quinta-feira, novembro 1

A geladeira por uma vida

Estávamos numa dessas invasões da Asa Norte, no meio dos barracos. Começou a cair aquele toró."Entramos" para nos abrigar debaixo da lona da casa de uma das personagens que entrevistávamos. Era uma pauta de Economia. Agora eu não lembro direito qual era o assunto.

Sei que estava lá, a mulher reclamava. O repórter anotava. E as fotos estavam saindo boas, com aquela chuva toda caindo atrás dela.

Então, chega o marido dela, desce da carroça e nos vê.
O cara se levanta, muito grande, e nos olha de cara feia.
"Entra" na sua "casa" e começa a gritar com a mulher.
Grita com a gente: que cês pensam que tão fazendo aqui?

E tira o facão de sei lá onde.
Começa a riscar o chão.
O repórter que veio comigo fica branco.
Eu penso: vish, será que vamos ter que brigar?

O cara fica mais nervoso. Tentamos explicar que somos do jornal.
Piora a coisa.
A chuva engrossa. Não tem nem como sair.

Quando a situação chega no pior momento, nas ameaças, sai um vizinho.
Ele chega perto já gritando: Não faz nada com este cara. Ele é meu amigo! Esse cara é gente boa. E bate no meu ombro. Eu olho, não reconheço o rapaz alto, fortão, deveria ter uns 18 anos. Mas ele continua: Esse cara aqui tinha uma padaria na Asa Norte. Me dava pizza direto. Quando eles foram embora, deram a geladeira para a gente.

Me assustei, mas reconheci, então, o garotinho que vivia ali na padaria. Era um menininho de rua. Cresceu muito! Gostava dele, sempre dava refri para ele. Minha mãe ficava brava, mas eu dava. Tá vendo? Olha como é a vida...

[Essa quem contou foi Gustavo Moreno, fotógrafo do Correio.]

sexta-feira, outubro 26

Repórter tem alma de Indiana Jones!

A história é velha, mas como é uma das minhas preferidas, não posso deixar esquecida.

Convocada para uma pauta mais cedo (7:30 am na redação, minha gente), cheguei na redação e, pela primeira vez, dei com a cara na porta. Era tão de manhãzinha que a salona da redação estava fechada a chave. Fui à sala da fotografia, ver quem era o "sortudo" que iria fazer as fotos. Nada do Breno (eu já sabia que era ele, pelo único carro estacionado lá fora).

Liguei para o celular dele e o resgatei da cantina da Tia Tonta (tona é o apelido da mulher. Isto é outra história, conto depois, me cobrem).Saímos para fazer a singela -- para ser educada e não dizer sem graça -- manifestação de um grupo de 45 alunos de publicidade IESB nas faixas de trânsito da L2 Norte.

Isso mesmo. Só isso.O Breno olhou e de primeira me disse: Isso não rende não.
Ui. Odeio ouvir isto. Cheira a nota com foto, na melhor possibilidade.

Terminada a manifestação (eles se vestiram de branco ou de atropelados e ficavam transitando na faixa de pedestre às 7:45 da manhã!), voltamos para a redação.Mal pisei na sala e a Taís pergunta
Já voltou?
Aham.
Mas de Samambaia?
NÃO (com uma pitada de pânico). Que havia em Samambaia?

E aí descubro que era para fazer outra pauta. Mas, dessa vez, a falha foi na comunicação. O Outlook de Taís não me enviou o email dela a tempo. Mas essa pauta era tão bacana...

É que eu adoro coisas com crianças! Simplesmente, um grupo de estudantes de 5ª a 8ª série de uma escola pública ia ter uma aula com a Agência Aeroespacial Brasileira dentro do vagão do metrô! No metrô, um rapaz fantasiado de robô ia fazer uma performance. As crianças iam sair da escola às 8h. Olho para o relógio: 9h em ponto. Eu ligo para o celular da professora: Onde vocês estão? Acabamos de entrar no metrô.

Combinei, num súbito ato de loucura, que tentaria pegar o mesmo carro do metrô na estação da 115 Sul. Saí ventando da redação. Entrei na sala da fotografia e quase histérica consegui rapidamente tirar o Breno de uma ligação para me acompanhar. Lá vamos nós para o transporte:

Alberto, preciso do Ayrton Sena, o metrô já saiu de lá!!!

E, quase como num passe de mágica, pela primeira vez na minha vida, cheguei no local da pauta, com fotógrafo em MENOS DE QUINZE MINUTOS! Durante o percurso, Breno agorava: essa tua pauta já caiu, você sabe disto, né?

Ao chegarmos no metrô, ele me pergunta:
E você falou com a assessora de imprensa do metrô?
Eu não.
Bom, então vamos ter de pagar a passagem.
(Imagina se deu tempo para eu pensar nisto).
Ah, Breno, não tenho dinheiro. Paga para mim, vai...

Chegamos no interior da estação. Ligo de novo para a professora:
Onde vocês estão?
Na primeira estação da Asa Sul, já chegamos aí.

Qual foi nossa surpresa ao ver o metrô chegar!
CONSEGUIMOS!
Quer dizer, quase! Ao parar o metrô na estação, vimos que estávamos no extremo errado do trem. Aí sim, imaginem vocês que agora começa a tocar aquela musiquinha de McGyver ou Indiana Jones...

Breno e eu saímos CORRENDO DESESPERADAMENTE para pegar o metrô. Entramos e as portas se fecharam às nossas costas.
Depois, acompanhamos as crianças até a visita à Feira de Tecnologia e depois no experimento de foguetes em plena Esplanada dos Ministérios!

Chego na redação animadíssima, nem acreditava que nós conseguimos recuperar a pauta perdida. Escrevo os 50cm com todo carinho.

Mas no dia seguinte, nem sinal do robô e das crianças. Nem foto delas, nada. A matéria caiu por que saiu o aumento do IPTU.



Coisas da vida de jornalista.


terça-feira, outubro 23

Mais uma da série um ser humano fez isso

Estampa de uma camiseta, entitulada Japonês para Iniciantes

Se mata!

Para quem quiser comprar ou conferir que este porta-facas existe, basta clicar aqui

Clarice pergunta, eles respondem

Do livro Entrevistas, de Clarice Lispector


CLARICE
Quais de seus personagens é mais você mesmo?

JORGE AMADO
Todos os personagens tem um pouco do autor, não é assim, Clarice?



CLARICE
Você fala em encarnação e temas esotéricos. Você acredita em reencarnação?

NELSON RODRIGUES
Eu sou cristão, se é o que sou. A única coisa que me mantém em pé é a certeza da alma imortal. Eu me recuso a reduzir o ser humano na melancolia do cachorro atropelado. Que pulhas seríamos se morrêssemos com a morte.



CLARICE
Fernando, você tem medo antes e durante o ato criador?

FERNANDO SABINO
O que atrapalha a criação de um novo romance é a presunção de que somos capazes de criar. Diante da grandiosidade da tarefa, descubro que não sou coisa nenhuma.

Hotel Hotymo - em Luziânia (GO)


Acho que estamos mesmo em crise.
Parece que não são apenas as pessoas que têm nome estranho...
Foto de Paulo H. Carvalho, enquanto esperávamos a coletiva da
Força Nacional, em Luziânia (GO).

sábado, outubro 20

Japonês com medo de assalto, se disfarça!




Gente de verdade, nomes esquisitos

  1. Janduir
  2. Félkia
  3. Rerisania
  4. Emiliane
  5. Eleuza
  6. Acliminio
  7. Riomar
  8. Aurilucia
  9. Sirleuza José
  10. Tomaza Rosa
  11. Hinara
  12. Eterna
  13. Wantuyr
  14. Arnon
  15. Wandila
  16. Clistenes
  17. Wilber
  18. Queti
  19. Aldene
  20. Ingea
  21. Wycler
  22. Odislene
  23. Javaré
  24. Tricinéia
  25. Sulina
  26. Abinoan
  27. Estael
  28. Jdonnatã
  29. Ierecê
  30. Kelvanny
  31. Orlandina
  32. Tertulina
  33. Jaconias
  34. Edilândia
  35. Valniza

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Todos daqui do Distrito Federal, acreditem, eu tenho como provar ;P

segunda-feira, outubro 15

Crônica da Conceição Freitas

A REPÓRTER,
A REALIDADE
E CHE GUEVARA

O dia nem bem havia começado, a repórter novinha, em começo de carreira, folheia os jornais e os sites denotícias e suspira:— Meu Deus, como é difícil! Talvez ela nem tenha percebido oquão profundo foi seu lamento.

Quem o ouviu, no raro silêncio da redação (eram oito da manhã e o silêncio, em menos de uma hora, se transformará numa zoeira ascendente), o lamento da jovem repórtersentiu o espanto da moça com as tragédias diárias da vida. Tragédias que circulam pela editoria deCidades numa constância quase insuportável. Sempre foi assim, mas tem sido pior.

Os acontecimentos dos últimos dias têm mostrado isso. Há menos de um mês, o Correio começou a denunciar o extermínio de adolescentes noEntorno, vítimas da guerra do tráfico. A realidade dos morros do Rio e da periferiade São Paulo cruamente plantada nos arredores de Brasília. Um repórter foi baleado durante apuração da matéria.

Depois, o brutal acidente que matoutrês mulheres na Ponte JK — umhomem de 49 anos, num carro abastecido de cerveja, uísque, cocaína e maconha, segundo laudo da polícia, enlouquecidono asfalto, numa cidade nascida de princípios urbanistas que privilegiaram o carro e de uma política de trânsito que perdeu o controle sobre a velocidade segura nas nossas perigosas autopistas.

A jovem repórter de olhos brilhantes— bom sinal para quem vai viver de capturar a realidade e narrá-la aos leitores — desafogou seu espanto no dia seguinte à notícia que uma mulher de 30 anos, com distúrbios mentais, era mantida encarcerada em quartosem cama nem colchão, e submetida a maus-tratos. Darlete Santos Coimbra tinha queimaduras e hematomas espalhados pelo corpo. Seus algozes mantinham-na em cativeiro para receberos benefícios sociais a que ela tem direito.

O assombro da repórter, o desabafo inesperado de sua humanidade assustada,deve ter aumentado depois dasnotícias de ontem. Um bebê de doismeses foi encontrado sozinho numapartamento da Asa Sul. A mãe havia sido internada num pronto-socorro psiquiátrico e a avó estava no trabalho. A criança estava tão suja que precisou ser levada a um hospital para cuidados de higiene. Segundo os vizinhos, não foi a primeira vez que a nenémtinha ficado sozinha.
Repórter de Cidades, e de cidades brasileiras, grandes, desiguais, transita numa gangorra que, para se manter equilibrada, tem de balancear a indignação, a emoção e a objetividade. De modo tal que jamais deixe de lamentar(“Meu Deus, como é difícil!”), por mais que doa. Mas que a dor e o assombro não sejam paralisantes. A propósito dos 40 anos de morte de CheGuevara, tem de ser duro sem jamais perder a ternura.

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E esta repórter sou eu. Doce surpresa ao ler no jornal de sábado, depois de me sentir a mais cansada das pessoas.

Obrigada, Conceição.

sexta-feira, outubro 12

Era uma vez duas menininhas...


... tá certo que uma delas nem era tão inha assim...
Sou eu minha irmã, na rua em frente à casa onde morávamos, em Campo Grande (MS).
Lembro até hoje quando papai nos sentou
no chão da rua para tirar a foto.
Agachou a uns três passos de nós e ficou fazendo
graça para a Nat fazer esse gestinho meigo.
E eu, claro, hiperativa, impaciente,
falava tira logo a foto, pai...


quarta-feira, outubro 10

NQM








foto de Gustavo Moreno



Nem Que Morra

Quando o fotógrafo recebe uma pauta com esta sigla, já era.
A foto tem que chegar na redação, de um jeito ou de outro.

Este dia a foto NQM era do Lago Sul.
Teríamos de refazer uma foto antiga, tirada num píer, que mostrava como o lago estava cheio com as chuvas (alguém lembra o que é isso?).

Daí, fomos refazer, mostrando que Lago realmente desceu quase 1 metro pela seca.
Gustavo Moreno, desesperado, quase invadiu propriedade particular para fazer a tal da NQM.
Mas como ele é um cara honesto (e eu tb), fomos buscar ajuda da polícia lacustre (que faz ronda no lago) para conseguir chegar no mesmo cais para replicar a foto, no mesmo ângulo.

Muito blablabla e aqui estamos nós, andando de lancha em pleno Lago Paranoá, no então dia mais quente do ano.

Daí o desespero foi meu. Já eram 17h e não tinha falado com ninguém, não sabia nada, só tinha a tal da foto NQM. E para piorar, fico sabendo, pelo editor de fotografia, que a foto vai para a capa do jornal. Putz! Dá-lhe ligações no meio da lancha. E consegui conversar com o diretor da Companhia Energética de Brasília, ufa, depois de quase 45 min de telefonemas frustrados.

Cheguei no jornal, escrevi tudo em 40 min. Levamos para a página.
E o Amaury toma o tiro.
Muda toda a edição...

E a pauta urgente-urgentíssima, NQM!, vai para a gaveta.

Simples assim.


sábado, outubro 6

Continua a campanha da gentileza...

Muitas pequenas ações de gentileza são aquelas que só a tua melhor amiga tem coragem de fazer por ti. Ou melhor amigo. Segundo a papisa da etiqueta, a Glorinha Khalil, em questões delicadas como estas, homem avisa homem e mulher avisa mulher.
como
Como assim?
Quem vai te dizer que o zíper da saia (que fecha atrás) está aberto?
Quem vai avisar que tem um pedacinho de casca de feijão no dente?
Quem vai dizer que tua camisa está do lado do avesso?
E quem vai impedir que você pague um mico com uma remela quase saindo do nariz?
E por aí vai.
como
O pior é perceber essas coisas depois de um tempo, quando vááárias pessoas já passaram por ti.Você descobre no espelho do banheiro, no final do dia, pq chamava tanta atenção...
É horrível, daí vem na cabeça todas as pessoas com quem você encontrou e não lhe falaram nada. Que tragédia!
como
Agora, a historinha que a doce Érika Kingl me contou para tentar me alegrar num dia daqueles.
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Queria comer um babaloo, lembra?
Mas hoje em dia não se fazem mais babaloos como antigamente, sabe, de sabores "normais" como tuti-fruti ou morango ou menta. Não agora é abacaxi com hortelã, tangeria supermix, frutas vermelhas e por aí vai. Decidi pelo de tangerina, me parecia o mais normal.
como
E fui para a pauta.
Quando comecei a conversar com o entrevistado, percebi que tinha algo na minha cara que não era cara, sabe? Daí pedi licença e peguei um espelhinho e vi que toda a minha boca estava roxa.
como
O entrevistado, condolescente, me comentou: alguém do teu trabalho lhe pregou uma peça e lhe deu um desses chicletes que deixam a boca manchada, foi?
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como
ui.

quarta-feira, outubro 3

segunda-feira, outubro 1

Peixe no banheiro!

É verdade!

Este laguinho à direita da foto é um tipo de cachoeira artificial, que culmina em um aquário aberto...

O detalhe é que o tal local (com dois peixes, o laranja deles na foto) ficava dentro do BANHEIRO feminino!

Direto da principal churrascaria de Anápolis (GO)!

ÊÊÊ goiano!!!

Quem disse que motorista também não é repórter?

Mais uma da série: conversas no carro, a caminho da pauta

Ele era foca, tava começando, cheio de boa vontade. O fotógrafo também era novinho. Eu senti que algo não ia dar certo.Fomos fazer um assalto em Brazlândia. Saí do carro e fiquei conversando com os curiosos, como sempre faço.

Depois do trabalho dos dois, entramos no carro e voltamos.Já estávamos na Estrutural quando eu perguntei ao repórter: E aí? Quanto foi que os ladrões levaram?

O cara ficou branco e em silêncio. E depois teve coragem de falar: Sabe que me esqueci de perguntar isto?

Virei para o fotógrafo e comentei: mas você fez a foto do cara fugindo e dando um tiro num caminhão de gás, não fez?E ele respondeu simplesmente não.

Depois que dei a seta, o repórter me perguntou para onde estava levando eles. Eu respondi: Vamos voltar, ora! Tu vai perguntar para o delegado quanto foi roubado.E você vai fazer a foto do furo da bala no caminhão. E fala para alguém colocar o dedo, apontar o lugar porquê senão não vai sair depois.Ah, e o repórter aproveita para perguntar o que poderia ter acontecido, pois foi sorte não ter explodido aquele bicho.

E no dia seguinte, eles foram até me procurar para a agradecer.

Este é o Luizão!

sexta-feira, setembro 21

Niver da Nat

Hoje é aniversário da Nat, minha irmã!
Eis o post para ela, a mais querida e linda da família!!!

quinta-feira, setembro 20

Oração do Jornalista

Recebi esta da Mariana, minha querida amiga e excelente repórter e editora, e não posso deixar de reproduzir. Acho que vou decorar esta oração ;)
O apresentador Cid Moreira recebeu uma homenagem da organização do Prêmio Comunique-se no dia 18/09, no Tom Brasil Nações Unidas, em São Paulo. Este ano ele completa 80 anos. Para retribuir a homenagem, Cid Moreira leu a "Oração do jornalista", escrita pela mulher Maria de Fátima Moreira, que ficou ao lado dele no palco, arrancando gargalhadas da platéia. Marina, Ricardo Boechat e Lorena Calábria, mestres de cerimônia, brincavam chamando o apresentador de "São Cidão".

Veja abaixo a oração:

"Deus não deixe eu chegar atrasado à redação. Que eu possa Senhor cumprir minha pauta, conseguindo informações corretas e úteis, sem aparecer mais que o entrevistado. Que eu consiga uma boa fotografia. Que a câmera filmadora não falhe e o motorista esteja disponível. Senhor, tomara que a internet não saia do ar e que o meu editor não esteja de mau-humor.

Peço-lhe Senhor, muita paz e tranqüilidade durante a entrevista e discernimento para fazer a matéria justa e bem elaborada. Que o tempo seja suficiente para cumprir a outra pauta que me aguarda, logo em seguida, do outro lado da cidade. E que o meu trabalho contribua para diminuir a desigualdade social, e ajude a melhorar a qualidade de vida do planeta.Que eu entregue tudo a tempo e não sofra nenhuma agressão. Ou pior, seja alvo de uma bala perdida, virando notícia.

Que a matéria seja simples sem ser simplista. Que não seja prolixa e sim criativa. Que eu não cometa nenhum erro de português, Senhor, para não ser massacrado pelos colegas. Principalmente Senhor, que eu não caia no pescoção... que possa pagar minhas contas com esse salário e que nenhum jabá me seduza.
E, finalmente, meu Deus, me ajude para que eu possa entregar tudo revisado e no prazo do dead line.
Assim seja!"

sonhos de gente louca

Em dias de poucos motoristas, vamos de "lotação", ou seja, um carro para duas duplas de repórter mais fotógrafo. Fomos, Gustavo Moreno e eu com Nahima e Edilson no mesmo carro.
Eis o papo maluco da corrida:

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Eu sempre sonho que não chego nos lugares.
Varia, mas é sempre o mesmo:
Chego na rodoferroviária, mas falta a passagem do ônibus;
Estou no aeroporto e não consigo achar o bilhete de embarque na bolsa;
Tenho que chegar em casa, mas não há combustível no carro;
Vou andar de bicicleta e me encontrar com alguém, mas sempre algo acontece e não consigo sair;
Vou viajar, estou fazendo as malas e o relógio me diz o atraso;
Ou o trânsito está engarrafado...
Sempre um sufoco !

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Eu sonho que não consigo fazer a foto.
Estou ali vendo o desastre aéreo na minha frente e não consigo fotografar, a máquina não responde. E acordo no susto.

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Ei, eu também sempre sonho com desastre aéreo. Direto!
O meu preferido é quando estou na frente do Congresso, estou vendo aviões se aproximarem do prédio, penso vou fotografar a seqüência, mas não consigo, não consigo e..
Tudo se explode e eu não tenho o registro.
É horrível.
Já sonhei com isto mais de uma vez.

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terça-feira, setembro 18

Chuva, por favor

Ninguém entendeu nada.
Naquela cidadezinha de Guanajuato, no México, todos se apertavam debaixo dos toldos e marquises para se proteger da chuva que caiu de repente. Não era torrencial, nem daquelas que cai devagar e fina. Era chuva e ponto, daquelas que não se escapa só com o guarda-chuva.

E a brasiliense não teve dúvida: saiu e esperou a van na chuva mesmo. Curtindo cada metro cúbico que caía nela.

Ai que saudade desse cheirinho... E a umidade ó...

domingo, setembro 16

Quando o silêncio vale mais

Brasileiro não tem papas na língua mesmo.
Às vezes, são boas a espontaneidade e a sinceridade, mas por outras, a gente até se arrepende...
... ou escuta umas que nem acredita!

Ainda na campanha da Gentileza, alguns episódios de como ela faz falta:

"Entrei na loja para comprar um perfume. Lá pelas tantas, perguntei para a moça que me atendeu: Para quando é? E ela nem um pouco surpresa fez uma cara indecifrável e respondeu assim É tudo gordura mesmo.
Fiquei com tanta vergonha que comprei mais dois presentes para aumentar a comissão dela e tentar me redimir."

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"Estava na rua, com a filhota loira no carrinho. Sempre me paravam. E naquele dia ouvi outra vez no parque: ai que linda... ela é adotada, não?"

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"A gente não curte muito esses passeios de turista, tipo ir ao Corcovado. Mas naquele dia eu queria só descansar, então pegamos o bondinho para ver o Rio. Era só isso. Só que parecia que todos os casais resolveram fazer o mesmo. Como outras pessoas do hotel também foram, começou o papo... E pela segunda vez no dia ouvi "e vocês, quando é que casam?" Só que eu tinha acabado de recusar o pedido."

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Ui !

Ainda sem crachá


A foto é da época do caderno Viver Bem em Brasília.

Crédito do Joedson Alves.

Mas eu continuo sem crachá...
E sobrevivendo há mais de um mês no Caderno de Cidades.

segunda-feira, setembro 10

Fome, desmaio, ajuda

Aconteceu na redação esses dias.

Recebemos todos um email coletivo, escrito pela cronista que eu respeito muito, a Conceição:

"Uma mãe desmaiou há pouco na entrada do jornal, há mais de um dia que não come. está com um bebê de pouco mais de três meses. Ana Sá está com a criança, a mãe está sendo medicada e alimentada. Quem quiser ajudar a dar uns trocados de modo que ela possa comer pelo menos nos próximos dias, vou passar de mesa em mesa neste instante".



Passaram-se 25 minutos e a Conceição manda outra mensagem:

"Demos R$ 335,50 a ela.
Temos o endereço dela. É empregada doméstica. Tem referência. Quer trabalhar".

quinta-feira, setembro 6

Sem Photoshop - Com Rolo

Summer Sleep - 1949
Por Irving Penn

Esse fotógrafozinho fez a foto acima através da tela de proteção de mosquitos (veja como os bichinhos parecem estar em outra dimensão). Depois revelou em papel vegetal.
Veja a diferença!!

Sem photoshop, com rolo : outra campanha deste blog ;)

Café, moça?

9:22 passa o Cruzeiro - Via SIG.
E cá estou nele.
Na próxima parada, uma gentileza

Uma moça estende o lanchinho que seria seu café da manhã para a trocadora do ônibus.
Ela se assusta com o gesto.

A senhora não disse que por causa da passeata não deu tempo de tomar café? Deve estar com fome, pode ficar -- disse a passageira, que descia no Setor Comercial Sul.

E a trocadora nem deu lugar para ficar sem jeito: Obrigada, moça, vou aceitar sim.

Deu um sorriso ainda pouco crédulo do que ganhara e gritou ao motorista: Joca, você tá com fome? A passageira deixou o lanche pra nós. Quer?

E repartiu os pãezinhos doces contente.


Gentileza gera gentileza.
Simples assim.

sexta-feira, agosto 24

CAMPANHA:: Gentileza gera Gentileza ::

Esta é a primeira campanha deste blog.

Não sei quem falou que para ser jornalista a pessoa tem de esquecer da gentileza. Ou que ser gentil só funciona com o "personagem" (aquele sujeito desconhecido quase improvável de ser encontrado e que precisa ser entrevistado em menos de 12 horas).
Bom, vou bater o martelo (quer dizer, as teclas) nessa campanha.
aaaa
Vamos ver se meus 4 leitores e amigos caridosos de blog que me linkaram tb aderem.
A idéia é a seguinte: veja, observer a diferença de ter gentileza na sua vida e narre esses episódios no seu blog. Não é uma campanha narcisista, para dizer ao mundo ei, somos melhores pq queremos ser sutis. Não precisa ser algo que você, meu leitor e linkador, tenha sido o protagonista, mas pode ser algo que vc viu... TUDO faz parte de dizer não à violência, eu vejo assim.
aaaaaa
Violência gera violência
Grosseria gera Grosseria
aaaaa
E também
Gentileza gera gentileza

sexta-feira, maio 25

quinta-feira, maio 24

:: Sexta, 11 de maio, Campo de Marte ::

Foi a madrugada mais fria da minha vida. Pensei seriamente o que não significaria ser mendingo.

Chegamos no hotel em SP, depois do Pacaembu, umas 11h.
Ainda estava eufórica com todas aquelas palavras do Papa, com o fato de voltar a escrever para o jornal, de enviar a matéria no mesmo dia, para sair no jornal no dia seguinte.
Isso sim é jornalismo!

Muito cansada. E ainda muita coisa pela frente... Nosso hotel era uma torre de babel. Lotada de jovens: do Peru, da Argentina, do Brasil. Vieram todos ver o Papa, enfrentando, por vezes 36 horas de ônibus! Tomei banho e fui dormir, quer dizer, cochilar. Levantos às 2h da madrugada para sair para o Campo de Marte.

Todas estávamos no ônibus (corpo presente) às 2h40. Saímos. Como nosso ônibus ficou num bolsão, tivemos de caminhar (uns 3-4km) até o Campo de marte. Sinceramente, encarei a caminhada como penitência, pois carregavávamos todas muito peso, entre sacos de dormir, lanches, cobertores, lanternas e outras coisitas.

Chegamos e... rolava um show carismático. Nada contra, mas quando você está cansada e quer dormir (principalmente se está ao relento), qualquer barulho é chato. Percorri o local, procurando não tropeçar nas pessoas que estavam deitadas no chão. Falei com algumas pessoas, todos vindos de longe.

Uma senhorinha de S. José, que veio para ajudar na distribuição da eucaristia (hóstias) ao povo durante a Missa, com 73 anos me chamou a atenção. Ela havia chegado às 4h45 da manhã! E toda animada, apesar do frio :) Como estava congelando, resolvi deitar um pouco.

Levantei com um nascer do sol muito bonito.

E continuei a procurar personagens de Brasilia. ;/ O tempo foi passando e a temperatura aumentando... Um dia claro, limpo, sol quente se preparava. Foi quando vi um grupo com camisetas do Frei Galvão. Pensei, vou falar com eles! E quando perguntei de onde vinham: Brasília, Lago Norte, da paróquia Nossa Senhora do Lago.

Quando me contaram que é a paróquia que possui relíquias de Frei Galvão em seu altar e que nesta paróquia há distribuição das pílulas do novo santo, eu quase não acreditei! Depois, me contaram que a Globo fez matéria lá na paróquia. E pensar que a sorte me fez pautar a Globo hehehe (sorte, não, foi favor de Frei Galvão, como diria o Gustavo Werneck do Estado de Minas).
Quando chegou o Papa, de papamóvel, a comoção da multidão! A Missa foi belíssima, a ladainha dos santos, os cânticos, tudo muito bonito. Foi terminando a celebração e minha preocupação se aumentou: como vou encontrar minha equipe? Neste dia, só conseguimos três passes para ficar na parte reservada à imprensa, então , tive de ficar no meio do pessoal (o que sinceramente gostei pois pude assistir à Missa com calma). Sabia que tinha que me encontrar com eles para ir para a sala de imprensa no Anhembi . Caso contrário, sei lá como conseguiria passar a minha matéria para o João (editor de Mundo do Correio Braziliense) antes de viajar para Aparecida.

Saí correndo, com malas e cuias mesmo, entre a multidão de mais de 1 milhão de pessoas. E, como estava no lado direito do palco e a imprensa para o lado esquerdo, tive de entrar novamente no lado esquerdo (o que significou "nadar contra a maré").

Chegando em frente ao "curral", os soldadinhos não queriam me deixar passar. Quase chorei, fiz o drama, implorei e daí consegui a autorização.

-- Vira de costas.
-- Como assim, moço?
-- Como é que você acha que vai passar por esta grade? (era alta demais mesmo)
-- Mas, moço, eu sou pesada mesmo, não tem como dar a volta?
-- Vira de costas que eu te ergo.

Não tive opção. O soldado me segurou por debaixo dos braços e puxou para cima pelas axilas. Que sensação "linda". Mas foi rápido, graças!

Chegando no espaço da imprensa, não vejo ninguém. Socorro!
Daí, vi a Silvinha. Santa Silvinha, só me aparece nos momentos de aperto! Obrigada, viu?
Consegui usar o celular dela para falar com o João. Mas nada de ver o pessoal da equipe até que...

-- Ei, você não é o Gilberto, do Estado de Minas?
-- Não eu sou o Gustavo, e você, que atriz americana é? (risadas)
[depois, tiraram com a minha cara todos os dias por causa do meu chapéu de palha havaiano que eu usava]

Que sorte! Não só peguei carona de volta, como tirei fotos de personagens-chave para as matérias do Gustavo (como a postuladora da causa do Frei Galvão e a menina que foi curada, milagre da beatificação, vejam abaixo).

Depois, sem almoçar, voltamos à sala de imprensa, onde ficamos até seguirmos para Aparecida... Bati duas matérias, comi um sandubinha e seguimos em frente.

Que alegria de retornar à Aparecida! Sabia que o melhor da viagem estava por vir :)

terça-feira, maio 22

:: Palavras do Papa no Brasil ::


"O mundo precisa de vidas limpas, de almas claras, de inteligências simples que rejeitem ser consideradas criaturas objeto de prazer. É preciso dizer não àqueles meios de comunicação social que ridicularizam a santidade do matrimônio e a virgindade antes do casamento". [no Campo de Marte]


***

"Podeis ser protagonistas de uma sociedade nova se procurais pôr em prática uma vivência real inspirada nos valores morais universais, mas também um empenho pessoal de formação humana e espiritual de vital importância. Um homem ou uma mulher despreparados para os desafios reais de uma correta interpretação da vida cristã do seu meio ambiente será presa fácil a todos os assaltos do materialismo e do laicismo, sempre mais atuantes em todos os níveis."
[Aos jovens, no Pacaembu]


***
"Diante dos olhos, meus queridos jovens, tendes uma vida que desejamos seja longa; mas é uma só, é única: não a deixeis passar em vão, não a desperdiceis. Vivei com entusiasmo, com alegria, mas, sobretudo, com senso de responsabilidade. (...)

Meu apelo de hoje, a vós jovens, que viestes a este encontro, é que não desperdiceis vossa juventude. Não tenteis fugir dela. Vivei-a intensamente. Consagrai-a aos elevados ideais da fé e da solidariedade humana. (...)

Vós, jovens, não sois apenas o futuro da Igreja e da humanidade, como uma espécie de fuga do presente. Pelo contrário: vós sois o presente jovem da Igreja e da humanidade. Sois seu rosto jovem. A Igreja precisa de vós, como jovens, para manifestar ao mundo o rosto de Jesus Cristo, que se desenha na comunidade cristã. Sem o rosto jovem a Igreja se apresentaria desfigurada."
[Aos jovens, no Pacaembu]

quinta-feira, maio 17

Exclusiva com Arruda (original sem cortes)

Ele chegou sorrateiramente, mas compenetrado. Foi assim que o governador do Distrito Federal apareceu, quase em cima da hora (eram mais de 17h15) no estádio Pacaembu para assistir ao encontro com o papa nas cadeiras reservadas às autoridades. "Não avisei que vinha, mas fui convidado pessoalmente pelo núncio, não podia deixar de comparecer," contou em entrevista exclusiva ao Correio no próprio estádio. O governador, muito emocionado, não mediu as palavras e falou abertamente sobre a sua fé, sobre a necessidade da educação espiritual na família, sobre a fé do povo brasiliense, além de temas como aborto e células-tronco. Confira.

Visita do Papa
Eu vim para cá por dois motivos. Como católico que sou e como governante. Vejo minha presença aqui como representante daqueles brasilienses que não puderam vir. Creio que é parte da minha responsabilidade como governador. Em 92, eu vi o Papa JP II e foi magnífico. Ajudei a construir o altar que depois virou a base da Catedral Rainha da Paz.

Sou Católico. Não escondo isto. Fui seminarista. Vou à Missa todos os domingos. Gosto de ir ao mosteiro de S. Bento, me faz bem. Vou para refletir, para fazer a minha oração. Peço sempre que Deus me ajude a governar, a tomar decisões, a ser humilde.

Fé em Brasilia
Brasília é uma cidade que tem um bom relacionamento entre as pessoas em geral. Eu vejo que Brasília é uma cidade de fé. Não foi à toa que o S. João Bosco sonhou com Brasília. É uma benção e uma responsabilidade ser governador desta cidade.Um privilégio muito grande.

Aborto
Me posiciono contra o aborto. Sou a favor da vida, estou do lado da Igreja. Mas ao mesmo tempo, tenho esta posição porque considero que alguns países que permitiram o aborto sofreram depois, pois uma vez permitido, os casos de aborto foram além daqueles de má-formação. Ou seja, abriu precedente para que a criação da vida não fosse mais respeitada.

Células-tronco
Ainda não me considero totalmente informado para me posicionar. Mas acho que devemos estudar mais o caso, sim.

Sobre o tema do discurso do Papa no Pacaembu
Eu tenho um filho adotivo que agora está no seminário, sabia? O adotei quando tinha uns10 anos, ele morava no Paranoá e perdeu os pais. A historia é longa... Cham-se Marcelo Vicente, tem 22 anos. Estava cursando Engenharia e largou para entrar no seminário.
Quando ele me contou, fiquei preocupado, mas estou contente, agora, ele realmente tem vocação.

Familia (sobre o que falou Lula sobre a importância da familia)
É a base da sociedade. Uma pena é que a falta de educação e de conceitos acaba gerando uma destruturalização na vida das pessoas. Quando a família não passa valores espirituais, que há um motivo pra a vida que é ininteligível, maior que nós, que é divino, isso deixa uma lacuna muito grande.

:: Quinta-feira, 10 de maio :: Parte II

Na sala de imprensa do Anhembi, um mimo: máquinas de café expresso da Nestlè. Ubi jornalistas, ibi café!

Internet Wi-Fi, sandubas, mesas redondas, cubículos para escrever com o laptop, computadores com internet banda larga, televisão, e eita, essa é a Ilze Scamparini (!).

Depois da confusão dos passes, fomos de carro do Estado de Minas para o Pacaembu. Fiquei na dúvida se levava ou não o laptop. Algo me dizia, leva, just in case. E lá fomos nós!

Chegamos e não pudemos estacionar muito perto. Na hora de descer do carro, ainda perguntei ao Rodrigo: Você acha que eu levo o computador? (estava numa mochila) Ele hesitou. Não sei, de repente é mais seguro ficar no carro.

Pensei, se ficar aqui, na saída terei de me encontrar com o motorista para depois ir caçar o ônibus do meu grupo, no meio da multidão... Não ia dar certo. Novamente a voz me dizia: leva, você trouxe até aqui, tá disfarçado na mochila.

Resolvi encarar o peso e o risco.

Lá fomos. Falamos com vários jovens ao redor do Pacaembu. Estrangeiros, brasileiros da Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Distrito Federal. Perguntas para o povo fala, sobre aborto, células tronco e o ficar. Sobre o aborto, todos unânimes: "sou a favor da vida". E cada um fundamentava sua resposta de uma forma, nem sempre religiosa.

Foi marcante ver jovens de todos os lugares do país responder em uníssono contra o aborto. E falamos com mais de dez pessoas!

Arruda
Mas ainda mais marcante foi a sorte que tive de entrevistar exclusivavemente o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. Foi assim: saí do "curral" (lugar onde ficam 'ilhados' os jornalistas) para pegar emprestado um cabo USB para descarregar as fotos da minha máquina no computador, para enviar ao jornal e... dei de cara com o Arruda. Ele estava descendo o lance de escadas e venci minha antipatia pessoal, encarei o homem e falei: muito prazer, governador, sou Fernanda Velloso, repórter do Correio Braziliense.

Ele me olhou completamente surpreso (parecia meio amortecido pela ocasião) e disse: Como vocês me descobriram aqui? Não contei a ninguém que vinha !

Eu, naquela hora pensei, é a minha chance, não saio do pé deste homem. Fui com a comitiva até a região do estádio que estava reservada à autoridades (que ficava logo abaixo ao local reservado aos jornalistas). Sentei-me ao lado dele e conversamos por uns 25- 30min, eu acho. Sinceramente, eu não acredito até agora na naturalidade que encarei essa entrevista, tirando o fato que eu pensava o tempo todo, meu Deus, e o que eu vou perguntar para este senhor? Ele estava muito à vontade, contou coisas muito pessoais. Depois eu vi que no Correio publicaram apenas algumas linhas do que eu havia enviado. Mas a minha foto também entrou!


"Países que legalizaram o aborto depois tiveram um problema grave: foram feitos abortos menos nos casos de risco de vida da mãe ou estupro que nos casos de 'gravidez indesejada'. Ou seja, abriram precedente."

(Vou postar toda a entrevista, o Correio publicou apenas uma parcela).

Wi-Fi
Ao chegar no espaço reservado à imprensa, vi que todo o mundo (reuters, nyt, el país,...) além de presente por meio de seus correspondentes, estava com seu computador no colo. Liguei o meu e... surpresa: Wi-Fi conected! Gritei ao Rodrigo: Eita, temos internet aqui! Demais, vamos mandar as matérias direto daqui mesmo. Foi o que nos salvou pois o evento terminou mais de 21h !!! (horário de fechamento do jornal). E olha que eu quase deixei o computador no carro, hein? Outra vez, agradeci a providência divina !

terça-feira, maio 15

Dias extraordinários:: Quarta e Quinta-feira, 9 e 10 de maio::

[ Vou contar, por capítulos, minha viagem de cobertura pela Visita do Papa ao Brasil ]

Nosso ônibus quase me deixou para trás. Terminei de arrumar a mala às 19h45. De repente, noto o silêncio em casa. Cadê todo mundo?, me apavorei. Mesmo!

Depois de resolvido, tentava pensar o que teria deixado para trás... Computador, máquina digital, celular, carregadores, pilhas recarregáveis, máquina analógica, filmes, dinheiro, pijama, travesseiro, identidade, ufa! Acho que embalei tudo.

Saímos. Cansada, capotei no ônibus, mal vi o filme que passava (O homem que se tornou Papa - JP II).

Assim que chegamos, encontrei Silvinha na Missa que assistimos. Eu não sabia que a veria ali. Silvinha é minha amiga de SP, jornalista. Algumas horas antes teria me avisado que além da credencial, seria necessário também um passe para entrar em cada evento. Aproveitei que ela estava ali, fui de carona até o Anhembi pegar minha credencial e me encontrar com o resto da equipe.

Lá conheci uma jornalista americana da CBS. Ela mora em Washington. Primeira vez no Brasil. Me contou que havia jantado na noite anterior na casa de uma brasileira que conhecera fazendo reportagem aqui. Estava admirada: com a nossa bagunça e com nossa hospitalidade.

Chegou a hora de pegar o passe. Vejo que meu colega de faculdade, agora trabalhando na Folha, fala ao celular chateado que não conseguiu. Pensei, não é possível. E nós? Vamos ficar de fora?

No final da fila de jornalistas e fotógrafos e cinegrafistas, um rapaz distribuía os passes. De cima de um palquinho, afirmava que a medida era para evitar aglomeração desnecessária de jornalistas. Vai entender.

A jornalista norte-americana, da TV, só conseguiu 01 passe. Ela me olhou desconsolada: como vou levar toda minha equipe num só passe? Minha mão segurava 04 passes, dois para o Correio Braziliense, dois para o Estado de Minas. Pensei: será que vamos todos? Disse a ela que perguntaria se usaríamos todos os cartões e daria o excedente para ela.

Rodrigo disse que sim, iríamos todos. Quando voltei para a sala de entrega do passe, vi um bolo de jornalistas ao pé do palquinho, implorando, aos gritos por mais passes. Me fez lembrar minha infância, quando a gente ia nas casas pegar saquinhos de S. Cosme e S. Damião, aquele bolo de crianças com a mão estendida tentando chamar a atenção para ganhar o doce.

Na mesma hora corri e gritei ao moço que distribuía os passes que sobraram: A americana! Ela não fala português, veio com a TV CBS e só conseguiu um passe! Rapidamente o cara perguntou, cadê? E eu gritei: Kim, raise your hand!! E ele deu os últimos dois passes para ela. Thank you, Fernanda.

E pensei: Quê isso! Me leva de volta aos EUA e tá tudo pago ;D