sexta-feira, outubro 26

Repórter tem alma de Indiana Jones!

A história é velha, mas como é uma das minhas preferidas, não posso deixar esquecida.

Convocada para uma pauta mais cedo (7:30 am na redação, minha gente), cheguei na redação e, pela primeira vez, dei com a cara na porta. Era tão de manhãzinha que a salona da redação estava fechada a chave. Fui à sala da fotografia, ver quem era o "sortudo" que iria fazer as fotos. Nada do Breno (eu já sabia que era ele, pelo único carro estacionado lá fora).

Liguei para o celular dele e o resgatei da cantina da Tia Tonta (tona é o apelido da mulher. Isto é outra história, conto depois, me cobrem).Saímos para fazer a singela -- para ser educada e não dizer sem graça -- manifestação de um grupo de 45 alunos de publicidade IESB nas faixas de trânsito da L2 Norte.

Isso mesmo. Só isso.O Breno olhou e de primeira me disse: Isso não rende não.
Ui. Odeio ouvir isto. Cheira a nota com foto, na melhor possibilidade.

Terminada a manifestação (eles se vestiram de branco ou de atropelados e ficavam transitando na faixa de pedestre às 7:45 da manhã!), voltamos para a redação.Mal pisei na sala e a Taís pergunta
Já voltou?
Aham.
Mas de Samambaia?
NÃO (com uma pitada de pânico). Que havia em Samambaia?

E aí descubro que era para fazer outra pauta. Mas, dessa vez, a falha foi na comunicação. O Outlook de Taís não me enviou o email dela a tempo. Mas essa pauta era tão bacana...

É que eu adoro coisas com crianças! Simplesmente, um grupo de estudantes de 5ª a 8ª série de uma escola pública ia ter uma aula com a Agência Aeroespacial Brasileira dentro do vagão do metrô! No metrô, um rapaz fantasiado de robô ia fazer uma performance. As crianças iam sair da escola às 8h. Olho para o relógio: 9h em ponto. Eu ligo para o celular da professora: Onde vocês estão? Acabamos de entrar no metrô.

Combinei, num súbito ato de loucura, que tentaria pegar o mesmo carro do metrô na estação da 115 Sul. Saí ventando da redação. Entrei na sala da fotografia e quase histérica consegui rapidamente tirar o Breno de uma ligação para me acompanhar. Lá vamos nós para o transporte:

Alberto, preciso do Ayrton Sena, o metrô já saiu de lá!!!

E, quase como num passe de mágica, pela primeira vez na minha vida, cheguei no local da pauta, com fotógrafo em MENOS DE QUINZE MINUTOS! Durante o percurso, Breno agorava: essa tua pauta já caiu, você sabe disto, né?

Ao chegarmos no metrô, ele me pergunta:
E você falou com a assessora de imprensa do metrô?
Eu não.
Bom, então vamos ter de pagar a passagem.
(Imagina se deu tempo para eu pensar nisto).
Ah, Breno, não tenho dinheiro. Paga para mim, vai...

Chegamos no interior da estação. Ligo de novo para a professora:
Onde vocês estão?
Na primeira estação da Asa Sul, já chegamos aí.

Qual foi nossa surpresa ao ver o metrô chegar!
CONSEGUIMOS!
Quer dizer, quase! Ao parar o metrô na estação, vimos que estávamos no extremo errado do trem. Aí sim, imaginem vocês que agora começa a tocar aquela musiquinha de McGyver ou Indiana Jones...

Breno e eu saímos CORRENDO DESESPERADAMENTE para pegar o metrô. Entramos e as portas se fecharam às nossas costas.
Depois, acompanhamos as crianças até a visita à Feira de Tecnologia e depois no experimento de foguetes em plena Esplanada dos Ministérios!

Chego na redação animadíssima, nem acreditava que nós conseguimos recuperar a pauta perdida. Escrevo os 50cm com todo carinho.

Mas no dia seguinte, nem sinal do robô e das crianças. Nem foto delas, nada. A matéria caiu por que saiu o aumento do IPTU.



Coisas da vida de jornalista.


terça-feira, outubro 23

Mais uma da série um ser humano fez isso

Estampa de uma camiseta, entitulada Japonês para Iniciantes

Se mata!

Para quem quiser comprar ou conferir que este porta-facas existe, basta clicar aqui

Clarice pergunta, eles respondem

Do livro Entrevistas, de Clarice Lispector


CLARICE
Quais de seus personagens é mais você mesmo?

JORGE AMADO
Todos os personagens tem um pouco do autor, não é assim, Clarice?



CLARICE
Você fala em encarnação e temas esotéricos. Você acredita em reencarnação?

NELSON RODRIGUES
Eu sou cristão, se é o que sou. A única coisa que me mantém em pé é a certeza da alma imortal. Eu me recuso a reduzir o ser humano na melancolia do cachorro atropelado. Que pulhas seríamos se morrêssemos com a morte.



CLARICE
Fernando, você tem medo antes e durante o ato criador?

FERNANDO SABINO
O que atrapalha a criação de um novo romance é a presunção de que somos capazes de criar. Diante da grandiosidade da tarefa, descubro que não sou coisa nenhuma.

Hotel Hotymo - em Luziânia (GO)


Acho que estamos mesmo em crise.
Parece que não são apenas as pessoas que têm nome estranho...
Foto de Paulo H. Carvalho, enquanto esperávamos a coletiva da
Força Nacional, em Luziânia (GO).

sábado, outubro 20

Japonês com medo de assalto, se disfarça!




Gente de verdade, nomes esquisitos

  1. Janduir
  2. Félkia
  3. Rerisania
  4. Emiliane
  5. Eleuza
  6. Acliminio
  7. Riomar
  8. Aurilucia
  9. Sirleuza José
  10. Tomaza Rosa
  11. Hinara
  12. Eterna
  13. Wantuyr
  14. Arnon
  15. Wandila
  16. Clistenes
  17. Wilber
  18. Queti
  19. Aldene
  20. Ingea
  21. Wycler
  22. Odislene
  23. Javaré
  24. Tricinéia
  25. Sulina
  26. Abinoan
  27. Estael
  28. Jdonnatã
  29. Ierecê
  30. Kelvanny
  31. Orlandina
  32. Tertulina
  33. Jaconias
  34. Edilândia
  35. Valniza

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Todos daqui do Distrito Federal, acreditem, eu tenho como provar ;P

segunda-feira, outubro 15

Crônica da Conceição Freitas

A REPÓRTER,
A REALIDADE
E CHE GUEVARA

O dia nem bem havia começado, a repórter novinha, em começo de carreira, folheia os jornais e os sites denotícias e suspira:— Meu Deus, como é difícil! Talvez ela nem tenha percebido oquão profundo foi seu lamento.

Quem o ouviu, no raro silêncio da redação (eram oito da manhã e o silêncio, em menos de uma hora, se transformará numa zoeira ascendente), o lamento da jovem repórtersentiu o espanto da moça com as tragédias diárias da vida. Tragédias que circulam pela editoria deCidades numa constância quase insuportável. Sempre foi assim, mas tem sido pior.

Os acontecimentos dos últimos dias têm mostrado isso. Há menos de um mês, o Correio começou a denunciar o extermínio de adolescentes noEntorno, vítimas da guerra do tráfico. A realidade dos morros do Rio e da periferiade São Paulo cruamente plantada nos arredores de Brasília. Um repórter foi baleado durante apuração da matéria.

Depois, o brutal acidente que matoutrês mulheres na Ponte JK — umhomem de 49 anos, num carro abastecido de cerveja, uísque, cocaína e maconha, segundo laudo da polícia, enlouquecidono asfalto, numa cidade nascida de princípios urbanistas que privilegiaram o carro e de uma política de trânsito que perdeu o controle sobre a velocidade segura nas nossas perigosas autopistas.

A jovem repórter de olhos brilhantes— bom sinal para quem vai viver de capturar a realidade e narrá-la aos leitores — desafogou seu espanto no dia seguinte à notícia que uma mulher de 30 anos, com distúrbios mentais, era mantida encarcerada em quartosem cama nem colchão, e submetida a maus-tratos. Darlete Santos Coimbra tinha queimaduras e hematomas espalhados pelo corpo. Seus algozes mantinham-na em cativeiro para receberos benefícios sociais a que ela tem direito.

O assombro da repórter, o desabafo inesperado de sua humanidade assustada,deve ter aumentado depois dasnotícias de ontem. Um bebê de doismeses foi encontrado sozinho numapartamento da Asa Sul. A mãe havia sido internada num pronto-socorro psiquiátrico e a avó estava no trabalho. A criança estava tão suja que precisou ser levada a um hospital para cuidados de higiene. Segundo os vizinhos, não foi a primeira vez que a nenémtinha ficado sozinha.
Repórter de Cidades, e de cidades brasileiras, grandes, desiguais, transita numa gangorra que, para se manter equilibrada, tem de balancear a indignação, a emoção e a objetividade. De modo tal que jamais deixe de lamentar(“Meu Deus, como é difícil!”), por mais que doa. Mas que a dor e o assombro não sejam paralisantes. A propósito dos 40 anos de morte de CheGuevara, tem de ser duro sem jamais perder a ternura.

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E esta repórter sou eu. Doce surpresa ao ler no jornal de sábado, depois de me sentir a mais cansada das pessoas.

Obrigada, Conceição.

sexta-feira, outubro 12

Era uma vez duas menininhas...


... tá certo que uma delas nem era tão inha assim...
Sou eu minha irmã, na rua em frente à casa onde morávamos, em Campo Grande (MS).
Lembro até hoje quando papai nos sentou
no chão da rua para tirar a foto.
Agachou a uns três passos de nós e ficou fazendo
graça para a Nat fazer esse gestinho meigo.
E eu, claro, hiperativa, impaciente,
falava tira logo a foto, pai...


quarta-feira, outubro 10

NQM








foto de Gustavo Moreno



Nem Que Morra

Quando o fotógrafo recebe uma pauta com esta sigla, já era.
A foto tem que chegar na redação, de um jeito ou de outro.

Este dia a foto NQM era do Lago Sul.
Teríamos de refazer uma foto antiga, tirada num píer, que mostrava como o lago estava cheio com as chuvas (alguém lembra o que é isso?).

Daí, fomos refazer, mostrando que Lago realmente desceu quase 1 metro pela seca.
Gustavo Moreno, desesperado, quase invadiu propriedade particular para fazer a tal da NQM.
Mas como ele é um cara honesto (e eu tb), fomos buscar ajuda da polícia lacustre (que faz ronda no lago) para conseguir chegar no mesmo cais para replicar a foto, no mesmo ângulo.

Muito blablabla e aqui estamos nós, andando de lancha em pleno Lago Paranoá, no então dia mais quente do ano.

Daí o desespero foi meu. Já eram 17h e não tinha falado com ninguém, não sabia nada, só tinha a tal da foto NQM. E para piorar, fico sabendo, pelo editor de fotografia, que a foto vai para a capa do jornal. Putz! Dá-lhe ligações no meio da lancha. E consegui conversar com o diretor da Companhia Energética de Brasília, ufa, depois de quase 45 min de telefonemas frustrados.

Cheguei no jornal, escrevi tudo em 40 min. Levamos para a página.
E o Amaury toma o tiro.
Muda toda a edição...

E a pauta urgente-urgentíssima, NQM!, vai para a gaveta.

Simples assim.


sábado, outubro 6

Continua a campanha da gentileza...

Muitas pequenas ações de gentileza são aquelas que só a tua melhor amiga tem coragem de fazer por ti. Ou melhor amigo. Segundo a papisa da etiqueta, a Glorinha Khalil, em questões delicadas como estas, homem avisa homem e mulher avisa mulher.
como
Como assim?
Quem vai te dizer que o zíper da saia (que fecha atrás) está aberto?
Quem vai avisar que tem um pedacinho de casca de feijão no dente?
Quem vai dizer que tua camisa está do lado do avesso?
E quem vai impedir que você pague um mico com uma remela quase saindo do nariz?
E por aí vai.
como
O pior é perceber essas coisas depois de um tempo, quando vááárias pessoas já passaram por ti.Você descobre no espelho do banheiro, no final do dia, pq chamava tanta atenção...
É horrível, daí vem na cabeça todas as pessoas com quem você encontrou e não lhe falaram nada. Que tragédia!
como
Agora, a historinha que a doce Érika Kingl me contou para tentar me alegrar num dia daqueles.
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Queria comer um babaloo, lembra?
Mas hoje em dia não se fazem mais babaloos como antigamente, sabe, de sabores "normais" como tuti-fruti ou morango ou menta. Não agora é abacaxi com hortelã, tangeria supermix, frutas vermelhas e por aí vai. Decidi pelo de tangerina, me parecia o mais normal.
como
E fui para a pauta.
Quando comecei a conversar com o entrevistado, percebi que tinha algo na minha cara que não era cara, sabe? Daí pedi licença e peguei um espelhinho e vi que toda a minha boca estava roxa.
como
O entrevistado, condolescente, me comentou: alguém do teu trabalho lhe pregou uma peça e lhe deu um desses chicletes que deixam a boca manchada, foi?
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como
ui.

quarta-feira, outubro 3

segunda-feira, outubro 1

Peixe no banheiro!

É verdade!

Este laguinho à direita da foto é um tipo de cachoeira artificial, que culmina em um aquário aberto...

O detalhe é que o tal local (com dois peixes, o laranja deles na foto) ficava dentro do BANHEIRO feminino!

Direto da principal churrascaria de Anápolis (GO)!

ÊÊÊ goiano!!!

Quem disse que motorista também não é repórter?

Mais uma da série: conversas no carro, a caminho da pauta

Ele era foca, tava começando, cheio de boa vontade. O fotógrafo também era novinho. Eu senti que algo não ia dar certo.Fomos fazer um assalto em Brazlândia. Saí do carro e fiquei conversando com os curiosos, como sempre faço.

Depois do trabalho dos dois, entramos no carro e voltamos.Já estávamos na Estrutural quando eu perguntei ao repórter: E aí? Quanto foi que os ladrões levaram?

O cara ficou branco e em silêncio. E depois teve coragem de falar: Sabe que me esqueci de perguntar isto?

Virei para o fotógrafo e comentei: mas você fez a foto do cara fugindo e dando um tiro num caminhão de gás, não fez?E ele respondeu simplesmente não.

Depois que dei a seta, o repórter me perguntou para onde estava levando eles. Eu respondi: Vamos voltar, ora! Tu vai perguntar para o delegado quanto foi roubado.E você vai fazer a foto do furo da bala no caminhão. E fala para alguém colocar o dedo, apontar o lugar porquê senão não vai sair depois.Ah, e o repórter aproveita para perguntar o que poderia ter acontecido, pois foi sorte não ter explodido aquele bicho.

E no dia seguinte, eles foram até me procurar para a agradecer.

Este é o Luizão!