quinta-feira, novembro 23

Agradecimentos

Quantas palavras obrigado já saíram sem valer nada? E quantas oportunidades de agradecer foram desperdiçadas? Neste post, reconsidero os muito obrigada que nunca dei... e faltaram!

Quero agradecer ao Zico pelo amor à camisa que deu ao meu coração cores rubronegras.
Quero agradecer ao meu avô paterno por ter muitos muitos pacotinhos de figurinhas -- sempre -- para meus álbuns serem completados mais rapidamente.
Quero agradecer a minha única professora de natação, Patrícia, que me ensinou todos os quatro nados com perfeição de detalhes e ao mesmo tempo me ensinou a gostar de nadar.
Quero agradecer à minha única professora de ballet, que me fez desistir.

Quero agradecer ao CESPE, que dificultou a minha entrada no vestibular, elaborando provas cada vez mais difíceis, me deixando mais tempo no cursinho para pensar na vida e ver que Medicina não era mesmo MESMO a minha praia, Ufa!
Quero agradecer ao meu cabelo, por sempre se comportar bem.
Quero agradecer ao meu , por ser feio feio muito feio, além de grande.

Quero agradecer ao Meu Primeiro Gradiente por ter me feito a criança mais feliz naquele natal.
Quero agradecer ao meu avô materno, que está no Céu, que me empurrou a andar de bicicleta sem rodinha pela primeira vez, mesmo sabendo que eu ia cair.
Quero agradecer ao meu 'tiomaisbonito' que me levava com carinho às aulas de catequese.

Quero agradecer ao meu primo, pelos filmes de terror que alugava nas férias e eu fingia detestar mas curtia muito.
Quero agradecer à minha prima, por ler muito nas férias e não me dar bola e me deixar sem alternativas que ler muito também junto com ela.

Quero agradecer à minha amiga carioca que sempre me recebeu na casa dela com vários tipos diferentes de geléia, pães de forma variados, muiiito requeijão congelado e... todo o guarda-roupa à disposição.
Quero agradecer ao meu ortopedista que consertou meus pés dos 2 aos 7 anos.
Quero agradecer à prof. Marta, de História da 8a série, que me colocou à frente do projeto de teatro da turma e me fez descobrir um protótipo de roteirista-produtora em mim.

Quero agradecer aos produtores do Sítio do Picapau Amarelo e do Mundo de Beackman.
Quero agradecer a Fernando Pessoa, pelas vezes - muitas - que me fez perder o ponto de descer do ônibus.
Quero agradecer ao metrô de Washington, por sempre me levar aonde eu queria ir (quando não me perdia de linha, claro)
Quero agradecer ao(s) carteiro(s), sim, todos, que me traziam as cartas boas e as cartas tristes.

E... quero agradecer à minha falecida Vó Darcy por todas as balinhas de coco que ela fez e por fazer questão de reunir toda a família no Natal e por sempre convencer o vovô a se vestir de papai noel para entregar os presentes para nós.

[e ao pai, à mãe, ao irmão, à irmã: agradeço por tudo e sempre :) ]

Corte, parcial

Ela sentou na cadeira e esperou ser "levantada". Deu aquele friozinho na barriga. Não, não vais mudar de idéia. Nem estás pensando nisto.

Ela se mexeu. Ele perguntou: Tá bom aqui?
Ela fez que sim com a cabeça enquanto esperava o moço simples colocar-lhe o avental. Passou outro segundo até que a cena do espelho lhe fez lembrar outra vez que (!)...
Não, já concordastes que não vais pensar outra vez nesta pessoa, que não vais permitir que mais um bobo acontecimento seja motivo de se desculpar em estares com a cabeça nestas lembranças. Já vais replicar: mas é que esse moço está com o perfume dele, mas é que da última vez que passei por aqui ele estava comigo, mas não é culpa minha, me ofereceram a revista para a qual ele escreve!

Ela resolveu colocar os fones no ouvido, talvez essa voz interna, masculina e repressora parasse. Nenhum playlist era neutro. Ou ele gostava ou ela gostava de ouvir com ele; ou ele havia lhe ensinado a apreciar ou ela havia copiado do CD original para ele também...

Quero outra trilha sonora. Agora, pensou.

Fones ao ar, o barulho que ficou foi o do ventilador e o da água que se derramava na cabeça dela. Ei, como vim parar aqui? Ai(!), por favor, pode trocar? Pode lavar meu cabelo com água fria mesmo.

A moçoila estranhou, mas seguiu o pedido.

De volta à cadeira.
Como vai ser o corte?

Que pergunta (suspiro fraco). Como vai ser a vida? Como vou acordar e continuar amanhã? Como vou jogar fora o que restou deste sentimento? O que vou fazer para tudo passar e passar sem fazer drama? E como vou juntar os pedaços? E o que é novamente, depois de mais madura, conviver com um coração em frangalhos?

Tantas outras perguntas mais importantes sem resposta que já guardava, que a moça não se perturbou em ficar com outra em branco: não sei o corte, disse. Quero uma novidade positiva, só isso, pensou.

Pode ser curto?
Pode mudar para valer?

Ela nem se alterou. Outra vez a eterna discussão. Ele sempre gostou do curto.
Você ia trocar a cor e não o tamanho. Vai parecer que fez para fazê-lo voltar. E você nunca gostou muito da idéia de cortar o cabelo tanto assim. Pode se arrepender duplamente.

Ela questionou a voz infame pela oitava vez no dia. Resolveu que venceria este duelo.

Vou cortar, disse ela.
Curto?

Aham.
Quer escolher o corte?

Faz o que quiser. Só não quero parecer Edward Mãos-de-Tesoura com essa minha cara branca e um cabelo sem jeito.
Ele riu.

Ela confiava no sujeito, fazia sete anos que deixava as madeixas naquele chão a cada trimestre. E ele conhecia bem a cliente: o que aconteceu com você, Vivian?

Na verdade, eu quero que aconteça algo, pensou.
E achou melhor ficar muda e esperar o visual aparecer.

Vinte e um minutos depois, ela pula da cadeira, voa para a porta discretamente.
A novidade não era agora o cabelo, ou a falta dele. Uma mensagem no celular mudava o foco da cena. Ela disfarça, olha o cabelo cuidadosamente no espelho.
Mas quer ver o lado de fora do salão. Será mesmo que me espera?

Ela paga correndo.

Sai e vê de longe as margaridas grandes nas mãos do rapaz, de costas, vestindo camiseta branca e jeans surrado.

Outro arrepio.
Não pode ser.

Você só poderia estar aqui.
Só não pensava que ia te encontrar ainda mais bonita.

Golpe baixo.
Baixíssimo.

Ela se vira para as margaridas.
Pensa no cabelo novo -- ele deve mesmo ter gostado -- e ao mesmo tempo onde está seu carro, quem falou para ele o endereço do salão, o número novo do celular dela, pensa que ele está mais magro, por onde ele andou nesses dois meses, como ele lembrou que ela adora margaridas, que a calça dele é aquela que ela deu de Natal no ano passado...
Pensa que não vai voltar assim fácil, que nem cortou o cabelo por causa dele, COMO vai disfarçar que o coração dela está batendo enlouquecidamente agora. Pensa no que vai falar, pensa se vai aceitar o buquê... pensa tudo ao mesmo tempo, em instantes de segundo e não fala nada, tonta em seus pensamentos.

Ele, calmo, ri do jeito dela, como costumava fazer, como quem já sabe o que passa na cabeça dela. E avisa:

Seu carro está do outro lado, Vivian.

Mas
Mas eu quero ficar aqui.

quarta-feira, novembro 8

Campos Semânticos Pessoais

Uma palavra diz e esconde.
Várias palavras sortidas também.

Já perceberam que a peculiaridade de cada pessoa também está nas palavras que ela usa com frequência para se expressar? Chamo de campo semântico pessoal, para quem gosta de siglas, CSP.

Vou enumerar alguns. Vamos ver se vocês reconhecessem os donos ;)
Ready?

  • gente, muito louco -- gela-- suquildo

  • combina-- bonitinha-- tá engraçadinha-- ratinhos-- classe três-- pelinha

  • frenético-- bolinhas-- frangalhos-- caracas-- speachless

  • super-- câmbio-- canela-- ficou legal-- marraio-- esperto do méier

  • confia-- chilling-- relaxa-- vacilo

  • espetacular-- demais-- dois palitos-- neguetes

...to be continued...

terça-feira, novembro 7

Três frases do dia

"Hoje, acho que o problema da rede não está mais
na invasão de privacidade e sim na evasão de privacidade."
(um comentário que rola no meio cibernético)

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“You can fool some of the people all of the time,
you can fool all of the people some of the time,
but you can't fool all of the people all of the time”.
(An old saying)

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"Una palabra no dice nada
y al mismo tiempo lo esconde todo."
(da canção de Carlos Varela)

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sábado, novembro 4

Paulinho, do trombone














Aos nove anos, perdeu a mãe. No mesmo ano, seu talento amanhecia. Aluno interno do Instituto Arruda Câmara, fazia parte da equipe de limpeza. Depois de varrer o pátio, corria para a sala de música e ouvia o ensaio da banda, atrás da porta, com a vassoura na mão. Um dia, foi descoberto. “O professor olhou para as minhas feições e me indicou para estudar trombone. Era exatamente o que eu queria tocar.”

Logo o talento tomou corpo, junto com o menino, que ficou adulto mais depressa depois de perder a avó na adolescência. E outra vez a música lhe tira da guarda da solidão: “Eu não tinha nada que me prendesse no Rio. Quando fui convidado para tocar na banda da Orquestra da PMDF, não hesitei, peguei o ônibus naquela semana. Cheguei aqui no dia 23 de dezembro de 1972. Vim sozinho, com coragem e com Deus me abençoando.” Depois, veio o convite para ser membro-fundador da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro (OSTNCS).