quinta-feira, outubro 30

meu mundo por um chiclete ploc

A reunião foi quase suportável.
Pedidos, urgentes.
Novidade mesmo, pouca. 
Relevância dos próximos acontecimentos, crítica. 

Saíram os dois sem nem comentar os 45 minutos de mesa redonda com o cliente. Mas cada um já imaginava o que seria o trabalho deles a partir de agora. 

Cansada, sem fôlego para discutir outra vírgula fora do lugar, ela ergue os olhos para o colega e diz: -- Ai, tudo o que eu precisaria agora era de um chiclete PLOC. Acredita?

Os olhos azuis dele, num segundo, se levantaram, como quem teve uma idéia brilhante. Enquanto isso, tira do bolso do paletó a salvação do dia: um exemplar quase extinto do exatemente já citado e desejado chiclete PLOC.

E os dois riem: nunca foi tão fácil fazer alguém feliz com uma feliz coincidência.

quinta-feira, outubro 16

despojar-se

Não há quem venha
para cá
sem bagagem

Trazem presentes
vestidos
sapatos
camisolas

Empacotam
sonhos 
desejos
dúvidas e anseios

e diante de ti
no espetáculo de ver-te
esquecem tudo
que trouxeram na mala


para abrir o que veio junto... na alma!

ver o mar

Quantos olhos viram 
estes mesmos movimentos

Quantas almas 
não se revigoraram
depois de esperar
em tuas beiras

Quantas pegadas
não desfizestes
de tuas areias

Não há como contar
mas a cada um 
foi dado o único instante
de sentir-se beneficiado
em parar diante do mar. 

Não olha

Te tirei do meio do salão 
e me fiz rodopiar

Esqueci o salto apertado
Deixei o público onde não podia lembrar

Mas não te olhei -- tanto

e se eu me apaixonar? 

quarta-feira, outubro 1

Em Nazaré, na Bahia


Eram três menininhos, meio espoletas, meio distraídos.
Eles levavam essa candura, suave inocência que tentei fotografar.
Tia, pode ser do lado do cavalo?
Mas é claro!, digo eu. 

E eles mal se mexem, esperam e pedem para ver.
Eu digo, essa máquina é de filme, não dá para ver a foto, tem que esperar e revelar.

Ah, mas nem é máquina de verdade.

É mole? 



Mais fotos da viagem no meu flickr.