terça-feira, novembro 27

Doente humanidade


Me pergunto muito se a humanidade presta.
Sim, não se espantem.

Depois de acompanhar tantos crimes por perto, você se pergunta sim, de onde vem tanto mal.

Ainda bem que eu tenho onde achar a resposta.
(Segundo a Lenise, o importante não é decorar, mas saber onde encontrar as respostas...)

Sem mais filosofias superficiais da jornalista que tenta bancar uma de humana, ou sensível, vou ao motivo do post: a correria para pegar o crime desastroso.

Cheguei ao jornal às 17h. Nem sentei na cadeira, nem inseri minha senha do login.

Fernanda vá para chácara Céu Azul (hã??) e descubra tudo que puder deste crime: duas mulheres foram mortas a facadas e outra foi violentada. Tudo pelo mesmo homem.

ui.

Chego na fotografia, para ver quem vai comigo.
Começo a contar a história e rapidamente todos os rostos masculinos estão em mim, prestando atenção no crime que detalho.

Breno levanta e diz eu vou, chefe, pode deixar.
E vamos nós atrás da história horrível. Duas horas depois, já estou de novo diante do computador para escrever as 40 linhas.

Eis acima, a foto do dia, que Breno me tira na frente da delegacia.
Só ele para fazer graça num dia desses... :)

Menos mal, né?

segunda-feira, novembro 26

Vamos trocar?

Ninguém merece acompanhar o Arruda no Governo das Cidades, carinhosamente apelidado por nós, jornalistas, de Inferno nas Cidades. Até uma pauta mais trabalhosa é melhor que ouvir nosso digníssimo governador BERRAR no microfone, falando errado, para anunciar as obras sensacionais que fará em cada cidade satélite.

É de doer!

Mas, neste dia, até que Cadu e eu nos divertimos.
Enquanto ele me ensinava direito como mexer na lente (tele), outro fotógrafo nos tirou essa sequência de fotos (claro que o Cadu fez pose, né?)

(Obrigada, amigo, pela companhia num dia chato!)




sábado, novembro 24

Na rua, nas alturas, com os hidrômetros

Para fazer reportagem sobre os hidrômetros individuais nos prédios do DF (todos os 4,5 mil edifícios que não medem a água gasta por apartamento, terão de trocar os registros até 2010), fomos parar na cobertura deste prédio na 311 Norte.

Chegamos lá, espero pelo síndico, que foi trocar de roupa para sair bem na foto.
Detalhe: Eram 16h e eu ainda estava na rua, sem foto nenhuma da matéria, que ia sair no dia seguinte...

Quando o senhor aparece na cobertura, a máquina do fotógrafo (Iano Andrade) pifa.
Nunca vi isso antes, ele comenta.
E a máquina é das novas que o Correio comprou...
Pela primeira vez, vejo sair um fotógrafo e chegar outro, para fazer um simples personagem.
Ainda bem que era na Asa Norte, pensei.
No meio da confusão, fui adiantando as outras entrevistas, na rua mesmo.

Tava tão nervosa nesse dia (outros fatores do coração também contribuem) que nem me importei em sentar no parapeito e fazer as ligações.

Olhando a foto agora, até me assustei...

Fotos do Adauto Cruz, mais conhecido como Meu Lindo.


De agora para daqui a pouco

Não é exagero meu de carioca.
Mas aqui se vive assim, de agora para daqui a pouco.
Uma prova foi a tentativa de cortar o cabelo. Marquei a primeira vez, numa segunda-feira, para cortar o cabelo na quarta.
Na quarta-feira tive de chegar no jornal mais cedo. Nada de salão.

Depois, passaram-se mais dias corridos. Liguei de novo, sem graça, para marcar outra vez.
Dessa vez, pensei, vou marcar na hora do almoço. E foi o que fiz. Numa quinta, marquei para sexta, no dia seguinte.
E amanhecido o dia, chego na redação e ganho o presente de grego: governo nas cidades. Passei o dia todo na rua. E bem longe do meu salão, que fica na 403 Norte.

Na semana seguinte, não dava mais conta do cabelo enormeee! TINHA de cortar logo. Pensei que ia marcar o corte no mesmo dia. Liguei às 12h pedindo se poderia ser atendida às 12h30. Já viram isso? Muita metidez, não?

Dito e feito, consegui o horário. Saí correndo da redação, antes que alguém me mandasse fazer algo. E nem acreditei quando cheguei sã e salva na 403 Norte. Comentei com a moça que estava com vergonha de ter marcado e desmarcado tantas vezes...

Estou com os cabelos ensaboados, com a cabeleleira a lavá-los, quando o celular no meu colo, claro, começa a tocar !

Atendo. É a minha coordenadora, a Taís.

Fernanda, onde você está?
No salão.
AONDE?
Tô cortando o cabelo.

Olha é que tem uma pauta que precisamos fazer na hora do almoço, pois você tem que entrevistar pessoas na praça de alimentação do Pier 21. Se não for agora, depois não vai ter ninguém lá em plena segunda-feira, entende?

(O argumento era pertinente, afinal.)

E você acha que demora muito?
Eu acho que não, Taís, em 20 minutos tô pronta.

Então, me dê o endereço que eu vou mandar o fotógrafo ir aí para te buscar no carro do jornal.

Em seguida, eu viro para a cabeleleira, que subitamente ficou meio nervosa...

Olha, não se preocupe, viu, eu não sou Fátima Bernardes, então não vou sair daqui desesperada. Tome seu tempo e corte meu cabelo com calma, tá?
Não quero depois ficar com meses de prejuízo, de cabelo estranho por causa de uma pauta que nem sei se vai render, né?

E depois não é mesmo que a pauta caiu?
Só serviu para tomarmos, Kleber Lima (o fotógrafo) e eu, uma casquinha do Mc Donald's no Pier 21...

sábado, novembro 10

Unidos, no plantão

Aqui estamos todos, (gire sentido horário):
Correio Braziliense, Record, CBN, Jornal de Brasília e Band News.
Esperando o Timponi (caso acidente na ponte JK) aparecer...




Depois da foto do homem, a pose com cara de sono (Já passavam das 22h). Aqui, Gustavo Moreno e eu, num raro momento em que o fotógrafo sai na foto.


Fotos do Adauto Cruz

quinta-feira, novembro 8

No cemitério dos animais

[ Para comemorar as 3000 visitas, a Carol Lasneaux, jornalista de Cultura também daqui do Correio fez a gentileza de escrever esta historinha para vocês ]

Cá estou, feliz e contente, trabalhando no feriado de Finados. A chuva devastadora (que derrubou a parede de um apartamento no meu bloco) ainda não tinha começado.

Antes de conferir como estava a situação no cemitério de Taguá, passei no lugar onde as pessoas enterram seus cachorrinhos e gatinhos de estimação. Impressionante! Nunca tive bichinhos em casa, mas imagino que deve rolar um vazio quando eles morrem.

Mas, sinceramente, manifestações exageradas de carinho aos bichanos me assustam! Lá no cemitério animal vi túmulos chiquérrimos, com granito e tudo. Muitos enfeitados com flores artificiais, o que significava que, mesmo sendo 10h de um feriado, muita gente já tinha passado por lá. Tinha até um ossinho dentro de um pote de maionese (!) deixado delicadamente sobre os restos mortais de um au-au.

Lá pelas tantas, encontro uma senhorinha com a neta, empenhadíssimas em deixar o lugar onde jaz Mimo, gatinho que morou com a família por 17 anos, nos trinques para o feriado. Conversa vai, conversa vem, surge a pergunta:

"Depois que Mimo morreu, vocês se interessaram em cuidar de outro bicho?".

Na hora percebi uma risadinha da neta. Imaginei que a resposta não seria muito normal.
"Sim, sim. Temos 15 gatos em casa".
Tá, tudo bem, gato pode até ser fofinho, mas criar 15 em casa?????????

O comentário saiu da minha boca instantaneamente:
"Ah, então vocês devem morar numa casa bem grande, né. Para acomodar a bicharada toda!".

Nesses momentos, não consigo entender a razão de não ter ficado com a boca fechada:
"Não, que nada. Moramos num apartamento mesmo. São poucos quartos, não é grande, mas cabe todo mundo junto!"

Ui!

Na foto, eu com cara de desolada segurando o equipamento do Iano Andrade, enquanto ele fingia que tirava foto do túmulo de algum bichinho.

terça-feira, novembro 6

Eu perguntava pelo holandês

Quem não cantava uma música errado?
Mas essas são de bater recordes...

Em negrito, as letras originais
Abaixo, vem a versão cantada, na mais pura ingenuidade (ou ataque de bobeira)

Por onde for, quero ser seu par (Andança)
"Por onde for, quero ser seu paaaii."

Eu perguntava Do you wanna dance? Eu te abraçava. Do you wanna dance?
"Eu perguntava pelo holandês. Eu te abraçava, tu e o holandês."

E é você que ama o passado e que não vê. (Elis Regina)
"É você que é mal-passado e que não vê".

Entrei de gaiato no navio, oh, entrei, entrei pelo cano. (Paralamas do Sucesso)
"Entrei de caiaque no navio ô, entrei entrei entrei pelo cano."

É como não provar o néctar de um lindo amor/ depois que o coração detecta a mais fina flor. (Skank)
..."É como não provar o néctar de um lindo amor/ depois que o coração defeca a mais fina flor"

É preciso saber viver. (Roberto Carlos/ Titãs)
"É preciso saber me ver."

Eu sinto a falta de você, me sinto só (Vanessa Rangel)
"Eu sinto a falta de você, me sinto um sol."

sexta-feira, novembro 2

Post nº 100 - Alegria!

Samba da benção
(Vinícius de Moraes)

É melhor ser alegre que ser triste

Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração
Mas pra fazer um samba um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
Senão não se faz um samba, não

Senão é como amar uma mulher só linda; e daí?
Uma mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza
Qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado
Uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher
Feita apenas para amar, para sofrer pelo seu amor
E para ser só perdão

Fazer samba não é contar piada
Quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração
Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não...

Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba não
Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração

quinta-feira, novembro 1

A geladeira por uma vida

Estávamos numa dessas invasões da Asa Norte, no meio dos barracos. Começou a cair aquele toró."Entramos" para nos abrigar debaixo da lona da casa de uma das personagens que entrevistávamos. Era uma pauta de Economia. Agora eu não lembro direito qual era o assunto.

Sei que estava lá, a mulher reclamava. O repórter anotava. E as fotos estavam saindo boas, com aquela chuva toda caindo atrás dela.

Então, chega o marido dela, desce da carroça e nos vê.
O cara se levanta, muito grande, e nos olha de cara feia.
"Entra" na sua "casa" e começa a gritar com a mulher.
Grita com a gente: que cês pensam que tão fazendo aqui?

E tira o facão de sei lá onde.
Começa a riscar o chão.
O repórter que veio comigo fica branco.
Eu penso: vish, será que vamos ter que brigar?

O cara fica mais nervoso. Tentamos explicar que somos do jornal.
Piora a coisa.
A chuva engrossa. Não tem nem como sair.

Quando a situação chega no pior momento, nas ameaças, sai um vizinho.
Ele chega perto já gritando: Não faz nada com este cara. Ele é meu amigo! Esse cara é gente boa. E bate no meu ombro. Eu olho, não reconheço o rapaz alto, fortão, deveria ter uns 18 anos. Mas ele continua: Esse cara aqui tinha uma padaria na Asa Norte. Me dava pizza direto. Quando eles foram embora, deram a geladeira para a gente.

Me assustei, mas reconheci, então, o garotinho que vivia ali na padaria. Era um menininho de rua. Cresceu muito! Gostava dele, sempre dava refri para ele. Minha mãe ficava brava, mas eu dava. Tá vendo? Olha como é a vida...

[Essa quem contou foi Gustavo Moreno, fotógrafo do Correio.]