quinta-feira, maio 24

:: Sexta, 11 de maio, Campo de Marte ::

Foi a madrugada mais fria da minha vida. Pensei seriamente o que não significaria ser mendingo.

Chegamos no hotel em SP, depois do Pacaembu, umas 11h.
Ainda estava eufórica com todas aquelas palavras do Papa, com o fato de voltar a escrever para o jornal, de enviar a matéria no mesmo dia, para sair no jornal no dia seguinte.
Isso sim é jornalismo!

Muito cansada. E ainda muita coisa pela frente... Nosso hotel era uma torre de babel. Lotada de jovens: do Peru, da Argentina, do Brasil. Vieram todos ver o Papa, enfrentando, por vezes 36 horas de ônibus! Tomei banho e fui dormir, quer dizer, cochilar. Levantos às 2h da madrugada para sair para o Campo de Marte.

Todas estávamos no ônibus (corpo presente) às 2h40. Saímos. Como nosso ônibus ficou num bolsão, tivemos de caminhar (uns 3-4km) até o Campo de marte. Sinceramente, encarei a caminhada como penitência, pois carregavávamos todas muito peso, entre sacos de dormir, lanches, cobertores, lanternas e outras coisitas.

Chegamos e... rolava um show carismático. Nada contra, mas quando você está cansada e quer dormir (principalmente se está ao relento), qualquer barulho é chato. Percorri o local, procurando não tropeçar nas pessoas que estavam deitadas no chão. Falei com algumas pessoas, todos vindos de longe.

Uma senhorinha de S. José, que veio para ajudar na distribuição da eucaristia (hóstias) ao povo durante a Missa, com 73 anos me chamou a atenção. Ela havia chegado às 4h45 da manhã! E toda animada, apesar do frio :) Como estava congelando, resolvi deitar um pouco.

Levantei com um nascer do sol muito bonito.

E continuei a procurar personagens de Brasilia. ;/ O tempo foi passando e a temperatura aumentando... Um dia claro, limpo, sol quente se preparava. Foi quando vi um grupo com camisetas do Frei Galvão. Pensei, vou falar com eles! E quando perguntei de onde vinham: Brasília, Lago Norte, da paróquia Nossa Senhora do Lago.

Quando me contaram que é a paróquia que possui relíquias de Frei Galvão em seu altar e que nesta paróquia há distribuição das pílulas do novo santo, eu quase não acreditei! Depois, me contaram que a Globo fez matéria lá na paróquia. E pensar que a sorte me fez pautar a Globo hehehe (sorte, não, foi favor de Frei Galvão, como diria o Gustavo Werneck do Estado de Minas).
Quando chegou o Papa, de papamóvel, a comoção da multidão! A Missa foi belíssima, a ladainha dos santos, os cânticos, tudo muito bonito. Foi terminando a celebração e minha preocupação se aumentou: como vou encontrar minha equipe? Neste dia, só conseguimos três passes para ficar na parte reservada à imprensa, então , tive de ficar no meio do pessoal (o que sinceramente gostei pois pude assistir à Missa com calma). Sabia que tinha que me encontrar com eles para ir para a sala de imprensa no Anhembi . Caso contrário, sei lá como conseguiria passar a minha matéria para o João (editor de Mundo do Correio Braziliense) antes de viajar para Aparecida.

Saí correndo, com malas e cuias mesmo, entre a multidão de mais de 1 milhão de pessoas. E, como estava no lado direito do palco e a imprensa para o lado esquerdo, tive de entrar novamente no lado esquerdo (o que significou "nadar contra a maré").

Chegando em frente ao "curral", os soldadinhos não queriam me deixar passar. Quase chorei, fiz o drama, implorei e daí consegui a autorização.

-- Vira de costas.
-- Como assim, moço?
-- Como é que você acha que vai passar por esta grade? (era alta demais mesmo)
-- Mas, moço, eu sou pesada mesmo, não tem como dar a volta?
-- Vira de costas que eu te ergo.

Não tive opção. O soldado me segurou por debaixo dos braços e puxou para cima pelas axilas. Que sensação "linda". Mas foi rápido, graças!

Chegando no espaço da imprensa, não vejo ninguém. Socorro!
Daí, vi a Silvinha. Santa Silvinha, só me aparece nos momentos de aperto! Obrigada, viu?
Consegui usar o celular dela para falar com o João. Mas nada de ver o pessoal da equipe até que...

-- Ei, você não é o Gilberto, do Estado de Minas?
-- Não eu sou o Gustavo, e você, que atriz americana é? (risadas)
[depois, tiraram com a minha cara todos os dias por causa do meu chapéu de palha havaiano que eu usava]

Que sorte! Não só peguei carona de volta, como tirei fotos de personagens-chave para as matérias do Gustavo (como a postuladora da causa do Frei Galvão e a menina que foi curada, milagre da beatificação, vejam abaixo).

Depois, sem almoçar, voltamos à sala de imprensa, onde ficamos até seguirmos para Aparecida... Bati duas matérias, comi um sandubinha e seguimos em frente.

Que alegria de retornar à Aparecida! Sabia que o melhor da viagem estava por vir :)

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