domingo, dezembro 23

Máximas do ano

Decidi reunir algumas máximas do ano.
Declarações oficiais ou não que ouvi em 2007, de familiares, amigos, desconhecidos, dos fotógrafos e motoristas do jornal e de tantas outras pessoas...

Vou deixar as frases anônimas para evitar polêmicas! Contribuam!


"Cheiro de neném é o melhor. Quer dizer, melhor que cheiro de neném é cheiro de carro novo."


"Mulher que não dá chilique não é mulher."
"Mas mulher que pede ajuda até para espirrar, ah, eu não agüento não."


"Fernanda, você trabalha em rádio? Então, senta e escreve."


"Quando a boca fala, os órgãos falam.
Quando a boca fala, os órgãos saram."
(dizeres de um cartaz na sala de emergência do Hospital de Base)

quinta-feira, dezembro 6

Dois CDs

Descobri, faz pouco tempo, que acabo por gostar mais fácil do que agrada as pessoas que amo. Vai me chamar de influenciável. Eu diria dócil só para não dar o braço a torcer.

Mas, com isto na cabeça (li vários livros das Brönte por causa da Joana, li C.S. Lewis pela Laís, me apaixonei por Harry Potter e Jane Austen por culpa da Fatinha), resolvi pedir às amigas idéias para novos CDs. Sem que soubessem deste motivo, enviei o seguinte email:

Queridas,

Se tivesse um tornado na casa de vocês (Deus as livre!), e vcs só conseguissem salvar dois CDs, quais seriam??
(Não vale dizer que no Brasil não há tornados ou coisa parecida, pensem, vai, e me escrevam os primeiros que vierem à cabeça, pleeease!!! )

Eis as respostas, compiladas!

Mariana Ceratti
1- Uma maxicoletânea do Stevie Wonder, que comprei nos Estados Unidos
2- Um do pianista cubano Roberto Fonseca, chamado Zamazu


Juliana Borre
Caramba, só dois???
Bem, acho que 1 - Disco V, da Legião Urbana, e 2- À Flor da pele, do Chico Buarque.
Nossa, teria infinitos para citar. Mas... só são dois, não é?


Célia Curto
1- O grande circo místico (Chico e Edu Lobo)
2- Transa (Caetano)


Laís Garcia
1- Beatles
2- Kings of Convenience

Érika Klingl
Essa é fácil!
1- Transa, do Caetano Veloso e
2- um de música gospel do Louis Armstrong com a capa vermelha e ele de terno branco

E vocês, que me sugerem, hein, hein, hein???
(Valendo a mesma regra, DOIS únicos CDs...)

quarta-feira, dezembro 5

Parabéns para você

Agora que as malas já estão abertas, parece que toda brincadeira tem outro tom. Sabendo da minha novidade, Daniel Ferreira deu um jeito de deixar o dia mais engraçado. Coisa boba, nada original (me perdoe, Daniel, mas é o troco hehehe), mas foi assim...

(Veja a foto abaixo. Daniel contou às crianças de 8 e 9 anos do Gama que era meu aniversário. Todas começaram a cantar parabéns na frente da jaula dos urubus).



Fiquei contente ao saber da missão a mim incubida, pois até tinha desejado fazer esta pauta no dia anterior, quando fiquei sabendo que amanhã (quinta) o Zoológico comemora 50 anos !!!

Passamos a manhã toda no Zoológico. Foi um dia legal, para ser exceção que confirma a regra da rotina em Cidades. Passeamos entre lontras, araras, formigas, hipopótamos e elefantes, tão de perto, junto com os tratadores dos animais. Um Show da Vida mesmo!



Para coroar, conheço o Dr Walter, 40 anos de Zôo, todos eles tratando elefantes!
Homem simples, de olhar manso, parece que aprendeu com os bichos a calma, a viver a vida cada dia por vez.


Encantada com a simplicidade (a simplicidade, quando encarnada em uma pessoa, sempre me atrai muitíssimo) do homem, fiz um pedido diferente: Daniel, tira uma foto nossa, vai.

Eu queria me lembrar daquele olhar, daquele homem que disse que trabalhar com os animais o faz estar mais perto de Deus. Que me contou como os elefantes o pegam pela boca, que me explicou que os hipopótamos vivem meio que sonhando e que quando "acordam", atacam. E que me disse que gosta dos elefantes pois são inteligentes, sensíveis (aqueles bichos enormes!!).


Que me confidenciou seu segredo ao lidar com bichos como girafa, onça, leão, hipopótamo, elefante, lobo e zebra: ter todos os dias dois dedos de prosa com cada um, tratar com carinho e não comer carne vermelha.



Eis o homem. Não é um encanto aos 60 anos? E 37 de casamento?


Um homem feliz, que faz seu trabalho com amor: "não quero mesmo sair daqui, sou sortudo de fazer o que gosto".

E ele ri e se despede.



segunda-feira, dezembro 3

Vizinho

Ela acordava todos os dias com um barulho fraco. Dois timbres repetitidos e um batido oco. Era o despertador dele, longe. Sabia que era hora e nem nos dias de preguiça ficava na cama. Semi-inconcientemente, lembrava dele e pulava das cobertas.

Sentava para tomar o café sem trilha sonora. Sua cafeteira preta sempre fez eco da dele. Mas a dela era mais rápida. Ou ela tomava menos café que ele. Se bem que ela não ia para o chuveiro antes do desjejum.

Saía depois que a porta dele batia. Não queria encontrá-lo. Mas ele sabia dessa artimanha. Esperava na escada ou perto do elevador ou na entrada do prédio. Para ela, depois do bom-dia, dizia o que tinha esquecido em casa e que o fez voltar e encontrá-la. Ela se ria. Sabia, sabia, sim, o que ele não tinha dito.

O vizinho de Gabriela era modesto. Mentira, era tímido. De ficar vermelho ao dar bom-dia. Mas não perdia a compostura se queria falar com ela. Tímido, mas não era bobo.

Naquela manhã escura - ela acendeu a luz do teto e não só o abajur, como de costume - ela não se encontrou com ele. Será que pela primeira vez em quatro meses ele lembrou de carregar tudo que precisava? Será que ele comprou mesmo uma bolsa nova que coubesse tudo, como ela cansou de sugerir?

As perguntas foram despencando na cabeça dela, com quase igual velocidade e descontrole como os pingões de chuva que caíam em todo o Rio naquele dia. Mas uma só fez o trovão. Ela se tremeu por não ter dificuldade em responder: ei, por que me importo tanto com este detalhe? ei, por que continuo a pensar nele?

No dia seguinte, nada.
Duas semanas, nada.
Mas Gabriela tinha tudo. Por dentro, tudo lá.

Boba, eu, pensava ela. Como me escapou o coração assim?

E ele volta? Férias? Mudança? Doença? Ela estava cansada de pensar. Cansada de perguntar-se. Se ela, a vizinha que sabia que horas a máquina de café dele funcionava, não respondia, quem saberia dizer?

No décimo-sétimo dia depois daquela chuva, foi dormir sem, outra vez, barulhos. Agora, o que incomodava era não precisar aumentar o volume do som para ouvir a bossa nova dela e não o tristonho ... (como é mesmo o nome do cantor com sotaque de Illinois que ele sempre ouvia? Ela não lembrava) dele.

Toca o telefone: Gabriela, aqui é Maurício. Você não sabe da maior. Saí para uma trilha e deixei a chave do apartamento debaixo do teu tapete. Queria pedir para você regar minhas plantas, de vez em quando, sabe como é... Mas eu esqueci de te avisar.