quinta-feira, abril 9

uivo

Não passava das cinco da tarde
e ela ouviu o ruído daquela ventania habitual
levantou, vestiu o vestido azul e saiu

tinha de ver o mar bagunçado
e deixar seus cabelos assim embaraçar
naquele uivo repetido, gostoso, quase harmônico

o dia estava triste
mas a alma dela vinha louca
louca de descobertas
louca de perceber-se
nova, outra vez
jovem, como sempre
madura, quase

e esse uivo
tão remiscente da infância
tão presente nos momentos
de pensar
esperar
e de pausa

agora era o marco que precisava
para dizer-se
minha vida ainda pode ser tudo

basta deixar
o vento me descabelar.

sorriu e olhou para o lado.
lá estava ele, quieto, suave, a lhe espiar.

Nenhum comentário: