Queridos amigos,
O dia começou às 5h e a decolagem só foi acontecer exatas cinco horas depois.
Chegamos no aeroporto do Galeão (o militar) com aquela movimentação clássica de segunda-feira. Três aeronaves na pista, gente esperando para ver se dá sorte (e embarca numa vaga sobressalente). Os destinos: Brasília, Recife e Pelotas.
Eu estava na tripulação da terceira, como vocês sabem.
Depois de ver a decolagem dos outros dois C-99 ou EMB-145 como aprendi que a aviação civil costuma chamar, fui esperar a minha vez.
Não demorou muito e apareceu tia Alice. Vocês ou já me ouviram falar dela ou vão ouvir falar muito. Figura lendária. Na primeira foto em anexo (tá vendo Tourinho, no fundo é tudo falsa modéstia quero mesmo te superar hehehe) aparece ela ao lado dos pilotos no momento do briefing da viagem.
Tia Alice foi a primeira comissária da Varig. Exatamente. Tem 57 anos de aviação. E exatos 20 anos de Antártica. Hoje perguntei quando ela foi pela primeira vez, já esta era a minha. Ela me responde no ato: Dia 17 de outubro de 1989. É isso aí, quando as coisas marcam a gente, lembramos do dia, da hora, e outros detalhes mais...
Ela foi uma vez, deu ordem na comissaria e desde então nunca mais deixaram de chamá-la. Também, pudera, a mulher é um primor. Super educada, suave, gentil, daquelas velhinhas magrinhas, cheias de energia...
Alguns já sabem da minha idéia, prefiro morrer cedo que ficar capengando aos 80. Mas se for para chegar como a Tia Alice, ah, Senhor, me deixe por aqui. Imagine você aos 60 anos descobrindo a Antártica???
Para quem sempre vou de FAB, ter comida a bordo e servida é luxo, é boirgois (Lais, socorra meu parco francês). Quente, então? E não é que essa senhora consegue, dentro de um avião ENORME, barulhento, cheio de carga, com pessoas sentadas em bancos laterais fazer um serviço decente? Mais que decente, carinhoso?
Hoje comemos um sanduíche quente com pão fofinho, recheado de presunto e queijo. Acompanhou: suco de laranja com gelo, café com leite (quente que tinha de soprar), frutas picadas (abacaxi e mamão!) e ainda um lancy!!! NUNCA antes na minha vida comi tão bem na FAB. Luxo. Lindo. E tudo na bandejinha. (viu só como eu sei falar algo além de sensacional e fantástico?)
Ela, muito querida, claro, me colocou ao lado dela e nesse dia, virei comissária. Até que é interessante...
Outra adaptação genial de tia Alice é o megafone, a segunda foto do anexo.
Ela faz aquela rotina de avisos por meio dele. Parece sem sentido, mas é que vocês não tem idéia do barulho que 4 motores a hélice provocam dentro do tubo do avião. SOCORRO. C-130 tem dessas aventuras. Então, ela recebe cada passageiro, ao entrar a bordo, com um sorriso e um tapa-ouvidos em mãos. Daí lá pelas tantas ela grita: atenção passageiros falta meia hora para o pouso, por favor coloquem suas poltronas em posição vertical. Metade da galera, os novatos, riem dela.
E o GELO?? Gente, gelo não vi nada, ainda. E nem amanhã verei, viu?
Só faremos a travessia (mesmo de avião eles chamam assim a ida ao continente antártico ou seria antártido) na QUARTA-feira.
Parece demorado, ne? Bom, mas vai de navio para ver como demora... E ainda: de Pelotas para Punta Arenas, no Chile, viagem que faremos amanhã, são SEIS horas de voo. Seis horas de barulhooo. Valei-me minhas clarices, meus amyr klinks e minha biblia, companheiros de viagem.
Acho que já deu, não? Vou começar a me preparar para dormir, amanhã a alvorada (toque de corneta, na academia) é às 5h. E ainda tenho de fazer um trabalhildo antes de sair. Mas não reclamo. Cada vez o sonho fica mais real.
Bom mesmo, de verdade, é dividir isso com vocês.
Beijos,
sexta-feira, dezembro 25
segunda-feira, dezembro 14
Antártica ou Antártida?
Tudo começou com ele. Não só a minha vida (para não ser piegas demais), mas também a vontade de voar e, lógico, de visitar esse continente instigante. (não vou dizer gelado, tá óbvio demais, estou de bronca hoje).
E por agora, quando todos ainda me questionam e me respondem, fica o embate no diálogo:
Ei você vai para a Antártida?
E eu, sim, estou embarcando para a Antártica amanhã.
Para mim, filha de piloto antártico, que convive desde 92 com uma casa cheia de pinguins (de pelúcia, de imãs de geladeira, em estampas de pijamas, mantas, etc), isso parece meio banal. Mas, lógico, não é.
Agora que refaço a rota sempre feita pelo meu pai, nos meus anos de começo de adolescência, relembro os dias em que escuta Big Mix, andava de bicicleta, jogava queimada e inventava caça-tesouros enquanto meus amigos incrédulos me perguntavam outra vez:
-É verdade que seu pai vai para a Antártida?
E, eu, sempre insolente, respondia:
- Já é a 10a vez que ele vai para a AntártiCA...
E a discussão pelo DE ou pelo CE rendia.
Hoje volto a essa rota (Pelotas-Punta Arenas-Base Eduardo Frei-Base Comandante Ferraz) e volto à mesma pergunta.
Para não enrolar e responder: TANTO FAZ. Não sei porque, mas detesto essa resposta. Se tanto faz, para que duas opções??!
Continuo preferindo a prosódia da cerveja. Logicamente por que cresci ouvindo essa versão. É a usada pelos milicos em todos os lugares. Vejam, o Programa da Marinha é PROANTAR, sigla para Programa AntártiCO Brasileiro.
Em português lusitano, o termo é Antárticda e sinceramente não sei se a essa altura do campeonato, com o acordo ortográfico isso influi em algo. Em espanhol, fica Antártida e em inglês fica Antarctica.
Achei outra boa explicação que reforça o termo escolhido como padrão pelos milicos:
O nome Antártica surgiu da versão 'romanizada' do grego Antarktiki, que quer dizer 'oposto ao norte'. Ou seja anti-ártico, antártiCO.
E ainda melhor explicada para quem tem mais paciência e curiosidade de ler:
Antártica é uma palavra de origem grega que reúne os termos anti (oposto) e arktos (urso), sendo que este último termo refere-se à estrela polar da constelação de Ursa Menor ou Little Bear. Esta origem etimológica sugere que, com base na teoria de simetrias e opostos, os gregos supunham a existência de uma terra desconhecida em uma região oposta à deles.
E vocês, que forma preferem?
domingo, setembro 27
planta teimosa
tenho em meu coração sentimentos
de uma planta
que nasceu
está a florescer
mas agora não se pode
podar
nem hidratar
a planta enlourece do sol
encurva-se com a dor
mas se recusa a morrer
no meu interior
de uma planta
que nasceu
está a florescer
mas agora não se pode
podar
nem hidratar
a planta enlourece do sol
encurva-se com a dor
mas se recusa a morrer
no meu interior
Fé
Acordar com os pássaros depois de um pesadelo
Encantar-se com o uivo, sem medo, do vendaval
Esquecer do dia da semana ao ouvir uma sinfonia
Dar a vez na fila do banco
Fazer a mala quando se tem medo de voar
Falar de amor
Tocar uma música ao surdo
Mostrar as cores a um cego
Escrever poemas a um engenheiro
Cozinhar com três ingredientes e sem fome
Comprar pão com as notícias do domingo
Passar por uma cirurgia
Abrir a boca para o dentista
Fazer um elogio sincero
Escolher o presente querendo agradar
Preencher a ficha de inscrição de um concurso
Enviar uma carta pelos Correios
Visitar um desconhecido, doente
Caminhar pela praia, sem relógio, sem porquê
Soltar o cachorro da coleira
Levar o papagaio para a rua
Esperar a nota vermelha
Deixar-se as unhas por fazer
Vestir-se de branco para o altar
Despir-se inteira para se desenhar
Rir do prato que quebrou
Jogar o sobrinho no ar
Deixar a pipa alçar voo
Empinar a bicicleta sem as mãos
Levar a calça para fazer bainha
Buscar um filme na locadora
Fazer transferência bancária pela internet
Pintar os cabelos de furta cor
Deixar o bigode crescer
Comer mangaba sem sofrer
Tirar os pêlos do lugar
Animar os jovens a votar
Voltar para casa da farra sem vomitar
Pular o muro para cair na praia
Esquecer a chave de casa
Mudar de país sem falar outra língua
Esperar os gêmeos para o parto normal
Ler uma historinha no final do dia
Comer pastel na rua
Deixar o celular desligado
Deitar no colo e esquecer-se do lugar
Ler um novo romance sem olhar a última página
Apostar no bolão do trabalho para não ficar de fora
Passar o rímel num dia triste
Cantar no banheiro sem perder o tom
Deixar o despertador tocar só uma vez
Deixar o despertador sem tocar
Dirigir sem saber o lugar
Pegar um ônibus pela primeira vez
Levar a vida como seu único freguês.
Encantar-se com o uivo, sem medo, do vendaval
Esquecer do dia da semana ao ouvir uma sinfonia
Dar a vez na fila do banco
Fazer a mala quando se tem medo de voar
Falar de amor
Tocar uma música ao surdo
Mostrar as cores a um cego
Escrever poemas a um engenheiro
Cozinhar com três ingredientes e sem fome
Comprar pão com as notícias do domingo
Passar por uma cirurgia
Abrir a boca para o dentista
Fazer um elogio sincero
Escolher o presente querendo agradar
Preencher a ficha de inscrição de um concurso
Enviar uma carta pelos Correios
Visitar um desconhecido, doente
Caminhar pela praia, sem relógio, sem porquê
Soltar o cachorro da coleira
Levar o papagaio para a rua
Esperar a nota vermelha
Deixar-se as unhas por fazer
Vestir-se de branco para o altar
Despir-se inteira para se desenhar
Rir do prato que quebrou
Jogar o sobrinho no ar
Deixar a pipa alçar voo
Empinar a bicicleta sem as mãos
Levar a calça para fazer bainha
Buscar um filme na locadora
Fazer transferência bancária pela internet
Pintar os cabelos de furta cor
Deixar o bigode crescer
Comer mangaba sem sofrer
Tirar os pêlos do lugar
Animar os jovens a votar
Voltar para casa da farra sem vomitar
Pular o muro para cair na praia
Esquecer a chave de casa
Mudar de país sem falar outra língua
Esperar os gêmeos para o parto normal
Ler uma historinha no final do dia
Comer pastel na rua
Deixar o celular desligado
Deitar no colo e esquecer-se do lugar
Ler um novo romance sem olhar a última página
Apostar no bolão do trabalho para não ficar de fora
Passar o rímel num dia triste
Cantar no banheiro sem perder o tom
Deixar o despertador tocar só uma vez
Deixar o despertador sem tocar
Dirigir sem saber o lugar
Pegar um ônibus pela primeira vez
Levar a vida como seu único freguês.
segunda-feira, julho 20
não se demore
quero ainda conversar com você
quero me deitar
e te cantar versos bonitos
te dizer outras coisas
ouvir sua voz
para descansar e acreditar que a vida vale a pena
que o amor sempre vence
que acordar amanhã vai ser
estar mais perto de te ver
que meu colo vai precisar do seu cansaço
que teu abraço vai diminuir a minha exaustão
ah, vai, não me deixa a te compor
esses versos meio tolos
com palavras instantaneas
que depois te enchem de calor
fico aqui, a te esperar
e que outra graça tem de aqui estar?
vem, meu amor, não se demore
ainda tenho a noite inteira para te amar
quero me deitar
e te cantar versos bonitos
te dizer outras coisas
ouvir sua voz
para descansar e acreditar que a vida vale a pena
que o amor sempre vence
que acordar amanhã vai ser
estar mais perto de te ver
que meu colo vai precisar do seu cansaço
que teu abraço vai diminuir a minha exaustão
ah, vai, não me deixa a te compor
esses versos meio tolos
com palavras instantaneas
que depois te enchem de calor
fico aqui, a te esperar
e que outra graça tem de aqui estar?
vem, meu amor, não se demore
ainda tenho a noite inteira para te amar
quinta-feira, julho 16
efeito
Sabe quando você quer dizer algo
Quer ter algo novo
Criativo
Gostoso para escrever
E não tem?
Mas mesmo assim insiste
Espreme
Aperta
E escreve?
Sabe quando você quer por no papel
o que sente
nem sabendo para quê
e sabendo que não vai conseguir?
Mas você tenta
Insiste
Espreme
Aperta
E escreve?
Sabe quando tua veia artística
anda tão à flor da pele
que um espirro
é uma desculpa
um suspiro
é um vocativo
uma risada
vira uma vírgula
e tudo se encaixa
na poesia
(e muito além dela)?
Digo a quem por ventura perguntar
que é seu efeito em mim
:)
Quer ter algo novo
Criativo
Gostoso para escrever
E não tem?
Mas mesmo assim insiste
Espreme
Aperta
E escreve?
Sabe quando você quer por no papel
o que sente
nem sabendo para quê
e sabendo que não vai conseguir?
Mas você tenta
Insiste
Espreme
Aperta
E escreve?
Sabe quando tua veia artística
anda tão à flor da pele
que um espirro
é uma desculpa
um suspiro
é um vocativo
uma risada
vira uma vírgula
e tudo se encaixa
na poesia
(e muito além dela)?
Digo a quem por ventura perguntar
que é seu efeito em mim
:)
quarta-feira, julho 8
eu vou
pego gripe, quase me perco no meio da mata atlântica
fico cansada de me descansar, fico doente de me resistir e te esperar
mas vou até o fim do mundo
a te procurar
a querer ouvir tua voz
a esperar o teu oi
a olhar tuas mensagens
a curtir alguma resposta
me viro
dou um jeito
e sem tempo
sem meios
encontro um momento
um alvo e uma forma
de te escrever, ligar, mandar um pedaço do meu amor.
e sabe o que eu descobri?
que o amor é uma arte de se multiplicar-se
e de inventar-se
pq não é mesmo suficiente dizer apenas uma vez eu amo você
não é tolo repetir outra vez
nem parece sem sentido que cada vez
soe como a primeira
ou seja bom ouvir como se não se soubesse
não se sabe do amor
nada sabemos
o experimentamos
o vivemos
e o construímos
com os gestos, sentimentos, claro
e também com essas palavras
que só são repetitivas aos olhos de quem a mensagem não é alvo.
sim, eu escrevo a você que amo você pois é quem importa receber.
não te soa sem sal
nem repetitivo pois a cada vez, para o meu amor, é diferente
como a cachoeira que deixa-se cair
como o rio que deixa-se passar
parece sempre o mesmo, mas é sempre outro
são outras águas novas a se despencar
outras chuvas a molhar-nos
e Deus nunca deixa o amor se esgotar na repetição.
se repetimos é porque sim somos um tanto limitados
limite, sim, na expressão
por que na arte de amar
essa Deus ao homem caprichou e limite
não creio que há.
amo-te e não me repito.
mas novamente te escrevo e te digo
amo-te meu amor por hoje comigo
amo-te amanhã com certeza
e depois de amanhã com outra natureza
mas pode deixar que amanhã
e depois de amanhã
voltarei a lembrar-te disto.
fico cansada de me descansar, fico doente de me resistir e te esperar
mas vou até o fim do mundo
a te procurar
a querer ouvir tua voz
a esperar o teu oi
a olhar tuas mensagens
a curtir alguma resposta
me viro
dou um jeito
e sem tempo
sem meios
encontro um momento
um alvo e uma forma
de te escrever, ligar, mandar um pedaço do meu amor.
e sabe o que eu descobri?
que o amor é uma arte de se multiplicar-se
e de inventar-se
pq não é mesmo suficiente dizer apenas uma vez eu amo você
não é tolo repetir outra vez
nem parece sem sentido que cada vez
soe como a primeira
ou seja bom ouvir como se não se soubesse
não se sabe do amor
nada sabemos
o experimentamos
o vivemos
e o construímos
com os gestos, sentimentos, claro
e também com essas palavras
que só são repetitivas aos olhos de quem a mensagem não é alvo.
sim, eu escrevo a você que amo você pois é quem importa receber.
não te soa sem sal
nem repetitivo pois a cada vez, para o meu amor, é diferente
como a cachoeira que deixa-se cair
como o rio que deixa-se passar
parece sempre o mesmo, mas é sempre outro
são outras águas novas a se despencar
outras chuvas a molhar-nos
e Deus nunca deixa o amor se esgotar na repetição.
se repetimos é porque sim somos um tanto limitados
limite, sim, na expressão
por que na arte de amar
essa Deus ao homem caprichou e limite
não creio que há.
amo-te e não me repito.
mas novamente te escrevo e te digo
amo-te meu amor por hoje comigo
amo-te amanhã com certeza
e depois de amanhã com outra natureza
mas pode deixar que amanhã
e depois de amanhã
voltarei a lembrar-te disto.
terça-feira, julho 7
instantâneos
Tá bom, eu me rendo, vou aos poucos perdendo o jeitão old fashion.
Passo a criar sem usar a caneta.
Meus dedos escolhem as letras, agora:
Ora no teclado do computador, ora nos botõezitos do celular.
São sim meus poemas instantâneos e com um público de conjunto unitário direcionado.
E me relutei, por isso, a publicá-los. Mas pensando bem, que mal tem?
E se não fosse este criativo a libertar sua criação de sua direção como eu poderia também aproveitar os cartões?
Com esta introdução, segue agora a nova classe de publicações,meus poemas instantâneos:
===========================================================
não deixo de vir aqui,
como num assalto,
para compor uns poemitos a ti.
corro os dedos pelo teclado
sem escolher direito
e a deixar tudo registrado por aqui...
sou contente, a cada dia
e ainda mais com você
penso nos meus instantes ao teu lado
e sonho com o dia de multiplicá-los
sem precisar que eles tenham que esperar
por um avião de volta no final
ah o avião me traz de volta
mas um dia
sempre me trará você.
===========================================================
Passo a criar sem usar a caneta.
Meus dedos escolhem as letras, agora:
Ora no teclado do computador, ora nos botõezitos do celular.
São sim meus poemas instantâneos e com um público de conjunto unitário direcionado.
E me relutei, por isso, a publicá-los. Mas pensando bem, que mal tem?
E se não fosse este criativo a libertar sua criação de sua direção como eu poderia também aproveitar os cartões?
Com esta introdução, segue agora a nova classe de publicações,meus poemas instantâneos:
===========================================================
não deixo de vir aqui,
como num assalto,
para compor uns poemitos a ti.
corro os dedos pelo teclado
sem escolher direito
e a deixar tudo registrado por aqui...
sou contente, a cada dia
e ainda mais com você
penso nos meus instantes ao teu lado
e sonho com o dia de multiplicá-los
sem precisar que eles tenham que esperar
por um avião de volta no final
ah o avião me traz de volta
mas um dia
sempre me trará você.
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segunda-feira, junho 29
As contas e os tiros
Pensava ela nas inúmeras contas ainda a pagar, acertos a fazer e naquela lista de objetos necessários e outros desejáveis que a impaciência não a fazia querer esperar por ter.
Sem nenhum outro problema grave, com o café da manhã gostoso e o maiô no corpo, saiu para cair na água, como habitualmente começa os dias em que a preguiça não toma conta do acordar.
Saiu da água depois dos 1300m percorridos - nem rendeu tanto a aula de hoje. E voltam as contas e os pepinos cotidianos (pé da cama descolou, transformador de voltagem para o microondas é urgente)a retirar seus pensamentos.
Ali, no vestiário, o encontro habitual que muda a perspectiva da semana. Lá vem ela, meio cabisbaixa, a faxineira a conversar. Ela gostava de bater papo com a moça, que tão zelosa cuidava dos alunos quase como extensão da família e arrumava com gosto o lugar sempre meio empoçado...
--- Meu marido morreu. Tomou dois tiros. Faz vinte dias. Agora, estou parcelando o custo do enterro em 36 vezes.
A notícia toda a chocou. Pensou tanto.
Mas quanta injustiça para quem trabalha tanto. Para quem acorda às 4h30. E chega em casa depois das 19h. E demora mais de duas horas por dia dentro de um ônibus. E ganha menos que os 10% do gasto do enterro, que teve de dar como entrada, assumindo outra dívida.
Ela, calada, resolveu que dali por diante não ia mais reclamar de contas.
E, de algum jeito, iria ajudar a faxineira com alguma daquelas prestações.
Sem nenhum outro problema grave, com o café da manhã gostoso e o maiô no corpo, saiu para cair na água, como habitualmente começa os dias em que a preguiça não toma conta do acordar.
Saiu da água depois dos 1300m percorridos - nem rendeu tanto a aula de hoje. E voltam as contas e os pepinos cotidianos (pé da cama descolou, transformador de voltagem para o microondas é urgente)a retirar seus pensamentos.
Ali, no vestiário, o encontro habitual que muda a perspectiva da semana. Lá vem ela, meio cabisbaixa, a faxineira a conversar. Ela gostava de bater papo com a moça, que tão zelosa cuidava dos alunos quase como extensão da família e arrumava com gosto o lugar sempre meio empoçado...
--- Meu marido morreu. Tomou dois tiros. Faz vinte dias. Agora, estou parcelando o custo do enterro em 36 vezes.
A notícia toda a chocou. Pensou tanto.
Mas quanta injustiça para quem trabalha tanto. Para quem acorda às 4h30. E chega em casa depois das 19h. E demora mais de duas horas por dia dentro de um ônibus. E ganha menos que os 10% do gasto do enterro, que teve de dar como entrada, assumindo outra dívida.
Ela, calada, resolveu que dali por diante não ia mais reclamar de contas.
E, de algum jeito, iria ajudar a faxineira com alguma daquelas prestações.
terça-feira, maio 26
pesados e te olham
meus olhos ainda estão pesados
pelas lágrimas que ontem
deixaram cair
mas hoje eles se
despertam
e se esforçam por levantar-se
por que querem estar
abertos
para ver-te
outra vez.
pelas lágrimas que ontem
deixaram cair
mas hoje eles se
despertam
e se esforçam por levantar-se
por que querem estar
abertos
para ver-te
outra vez.
terça-feira, maio 19
segunda-feira, maio 11
A noite, outra espera
Ela chega com sua surpresa. E ao mesmo tempo com o previsível.
Passa calada, sem forçar presença, mas ameaça com sua violência negra.
Lá vem ela, para esperar a próxima luz do dia.
Lá vem ela, para preparar todos os olhares para o nascer do sol.
Lá vem ela tirar calor reservado e acumulado, para acalmar cada epiderme.
Chega com essa pressa de mandar logo o senhor soberano descer.
Vem mostrar o prata azul luminado da sua lua.
Vem trazer vontades, força, descanso e cansaço.
Ela se impõe, atiça, e cintila.
E marca, sempre, a espera por um recado, palavra, voz.
Vem a noite, parceira do aguardo. Do sentar-se para ouvir-te, talvez.
Vem a noite, cúmplice dos suspiros, sempre a misteriar o que pode acontecer no seu durante.
Vem a noite, plácida, por vezes lépida, a transbordar talvez alguns segredos.
A trazer, quem sabe, uma confissão.
Passa logo, ou demoradamente, se for sim, ou quando é não.
Viro assim tua seguinte, pedinte, paciente.
Em ti espero e contigo às vezes me aborreço.
Essa noite, calada, nem sempre traz a novidade que me agrada.
Passa calada, sem forçar presença, mas ameaça com sua violência negra.
Lá vem ela, para esperar a próxima luz do dia.
Lá vem ela, para preparar todos os olhares para o nascer do sol.
Lá vem ela tirar calor reservado e acumulado, para acalmar cada epiderme.
Chega com essa pressa de mandar logo o senhor soberano descer.
Vem mostrar o prata azul luminado da sua lua.
Vem trazer vontades, força, descanso e cansaço.
Ela se impõe, atiça, e cintila.
E marca, sempre, a espera por um recado, palavra, voz.
Vem a noite, parceira do aguardo. Do sentar-se para ouvir-te, talvez.
Vem a noite, cúmplice dos suspiros, sempre a misteriar o que pode acontecer no seu durante.
Vem a noite, plácida, por vezes lépida, a transbordar talvez alguns segredos.
A trazer, quem sabe, uma confissão.
Passa logo, ou demoradamente, se for sim, ou quando é não.
Viro assim tua seguinte, pedinte, paciente.
Em ti espero e contigo às vezes me aborreço.
Essa noite, calada, nem sempre traz a novidade que me agrada.
quarta-feira, abril 29
ele é o cara
Outro diálogo infalível de risadas gostosas no final.
-- Mãe, você gosta de mim?
-- Muito.
-- E eu não gosto de você. Eu AMO você.
(suspiros de mãe coruja derretida).
-- Eu também te amo, meu filho.
-- Ah, então você me dá de presente mais gogo's?
Gente, esse é o Tomé. O rapazito de 5 anos que me enfeitiçou. Que joga bola comigo e depois ainda põe band-aid rosa no meu pé para sarar a bolha de sangue que formou. E eu digo para a amiga querida, mãe dele: -- Mas dá vontade te ter um filho amanhã. Ela ri e diz: -- Não vou negar; é gostoso mesmo, ainda com as horas de sono perdidas...
[Se a mãe deixar, prometo que posto a foto, aqui, em breve]
[Enquanto isso, contentem-se com o blog dela, delicioso
-- Mãe, você gosta de mim?
-- Muito.
-- E eu não gosto de você. Eu AMO você.
(suspiros de mãe coruja derretida).
-- Eu também te amo, meu filho.
-- Ah, então você me dá de presente mais gogo's?
Gente, esse é o Tomé. O rapazito de 5 anos que me enfeitiçou. Que joga bola comigo e depois ainda põe band-aid rosa no meu pé para sarar a bolha de sangue que formou. E eu digo para a amiga querida, mãe dele: -- Mas dá vontade te ter um filho amanhã. Ela ri e diz: -- Não vou negar; é gostoso mesmo, ainda com as horas de sono perdidas...
[Se a mãe deixar, prometo que posto a foto, aqui, em breve]
[Enquanto isso, contentem-se com o blog dela, delicioso
segunda-feira, abril 27
ternura pura
A mãe, mega profissional, super-ocupada e ao mesmo tempo superquerida, não deixa de ligar para o filho quando o expediente aperta e perde a hora de buscá-lo na escola.
-- Meu filho, você tá com a garganta doendo, ainda?
-- Não
-- E a cabeça? Vc tá quente, de febre?
-- Não, mãe.
-- E o coração? Tá batendo forte pela mamãe?
-- Eu te amo.
-- Meu filho, você tá com a garganta doendo, ainda?
-- Não
-- E a cabeça? Vc tá quente, de febre?
-- Não, mãe.
-- E o coração? Tá batendo forte pela mamãe?
-- Eu te amo.
domingo, abril 26
como uma fatia de bolo
Ela estaciona o carro desnecessariamente distante do mercado.
Desce no meio da chuva fina com sacola e lista de compras nas mãos. Não se importa, precisa respirar aquele ar de grama molhada e pensar um pouco.
Começa a espera, que vai se renovar a cada despedida. Ela sabe disso. Esperava por isso. E continua esperando.
Mas não tem melancolia no seu olhar.
Ela passa os olhos pela receita que tem nas mãos. Uma fatia de bolo depende de todos aqueles ingredientes. Depende das mãos dela, do carinho que põe ao misturar cada iten, depende da sua habilidade, da batedeira, do calor do forno.
Depende da sua atenção, de que ela não esqueça no fogão.
Depende das vasilhas, da forma bem untada, do ponto da manteiga, do frescor da maçã e da validade da levedura.
Depende, principalmente, do tempo dela. Tempo para sair, comprar, voltar, preparar, esperar, cortar e enfim, finalmente o enfim, comer.
Uma só fatia de bolo e tantos minutos dependendo dela.
E não é assim a vida? Um eterno preparar-se para uma espera cujo objeto será consumido? Tantos melhores poetas já trataram da efemeridade do instante, da vida, do saborear-se. E que vou eu elocubrar?
Espero.
Sei que espero e sei pelo que espero.
Mas não me arranque tudo isso de uma vez.
Não me obrigue a perder algum detalhe, algum componente da receita.
A fatia de bolo deliciosa precisa de cada ingrediente, de cada etapa e de todos os minutos consumidos...
Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento. CLARICE LISPECTOR
Desce no meio da chuva fina com sacola e lista de compras nas mãos. Não se importa, precisa respirar aquele ar de grama molhada e pensar um pouco.
Começa a espera, que vai se renovar a cada despedida. Ela sabe disso. Esperava por isso. E continua esperando.
Mas não tem melancolia no seu olhar.
Ela passa os olhos pela receita que tem nas mãos. Uma fatia de bolo depende de todos aqueles ingredientes. Depende das mãos dela, do carinho que põe ao misturar cada iten, depende da sua habilidade, da batedeira, do calor do forno.
Depende da sua atenção, de que ela não esqueça no fogão.
Depende das vasilhas, da forma bem untada, do ponto da manteiga, do frescor da maçã e da validade da levedura.
Depende, principalmente, do tempo dela. Tempo para sair, comprar, voltar, preparar, esperar, cortar e enfim, finalmente o enfim, comer.
Uma só fatia de bolo e tantos minutos dependendo dela.
E não é assim a vida? Um eterno preparar-se para uma espera cujo objeto será consumido? Tantos melhores poetas já trataram da efemeridade do instante, da vida, do saborear-se. E que vou eu elocubrar?
Espero.
Sei que espero e sei pelo que espero.
Mas não me arranque tudo isso de uma vez.
Não me obrigue a perder algum detalhe, algum componente da receita.
A fatia de bolo deliciosa precisa de cada ingrediente, de cada etapa e de todos os minutos consumidos...
Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento. CLARICE LISPECTOR
terça-feira, abril 21
café da manhã
A cafeteira ainda sorve goles de água e o cheiro de café começa a enfeitiçar o apartamento dela. Não a comove. Senta à beira do sofá, não liga nenhum outro aparelho. E esquece.
Esquece que dia é hoje.
Esquece qual era mesmo a programação que faria...
Trabalho? Feriado?
Agora o convite da cafeteira é quase um insulto: --- Acabei, pronto, levante-se.
Ela olha e pensa. Só tem um pensamento.
Quer dizer, vários combinados, mais saborosos que o café quentinho que a chama por consumí-lo.
As cenas se misturam entre as vividas, as esperadas, as contempladas e, claro, as palavras, escritas e agora, que diferença, ditas.
O tema não fica velho, não esfria, não, isso não é notícia.
E, por acaso, neste caso, ela se importa?
A xícara está cheia. A cama, desarrumada, tal como seus cabelos.
Ela ve a cena e sorri. Não tem do quê. Mas sorri. E precisa ter por quê?
Ao contrário do clichê, ainda bem!, ela não se perde em melancolia ou falsas saudades do que passou. E adianta? As lembranças ainda vivem com ela, a história fica mais real, embora, agora, continue a viver apenas dentro dela, silenciosamente.
Claro que várias perguntas ainda tremulam e a dispersam. Como foi que ele chegou? Qual a verdadeira impressão que ficou nele? Quanto está a pensar em tudo? Quando o vejo outra vez?
Mas não é um interrogatório tenso, aflito, ansioso. Ela se espanta com isso, ainda que seja bom. Não precisa ser tenso, nem ansioso. Não.
Fica mais bonito a cada dia.
Com toda a espera que isso significa.
E ela está aprendendo que o tempo deixa a espera valiosa, que o tempo cultiva os melhores momentos, na época certa. Sem, claro, deixar de surpreender, de vez em quando.
O café ficou uma delícia.
Não seria ruim mesmo se pudesse dividir mais esse sabor... (e o insistente pensamento, ah, vai não é ruim, volta a tirar suas idéias do lugar).
Esquece que dia é hoje.
Esquece qual era mesmo a programação que faria...
Trabalho? Feriado?
Agora o convite da cafeteira é quase um insulto: --- Acabei, pronto, levante-se.
Ela olha e pensa. Só tem um pensamento.
Quer dizer, vários combinados, mais saborosos que o café quentinho que a chama por consumí-lo.
As cenas se misturam entre as vividas, as esperadas, as contempladas e, claro, as palavras, escritas e agora, que diferença, ditas.
O tema não fica velho, não esfria, não, isso não é notícia.
E, por acaso, neste caso, ela se importa?
A xícara está cheia. A cama, desarrumada, tal como seus cabelos.
Ela ve a cena e sorri. Não tem do quê. Mas sorri. E precisa ter por quê?
Ao contrário do clichê, ainda bem!, ela não se perde em melancolia ou falsas saudades do que passou. E adianta? As lembranças ainda vivem com ela, a história fica mais real, embora, agora, continue a viver apenas dentro dela, silenciosamente.
Claro que várias perguntas ainda tremulam e a dispersam. Como foi que ele chegou? Qual a verdadeira impressão que ficou nele? Quanto está a pensar em tudo? Quando o vejo outra vez?
Mas não é um interrogatório tenso, aflito, ansioso. Ela se espanta com isso, ainda que seja bom. Não precisa ser tenso, nem ansioso. Não.
Fica mais bonito a cada dia.
Com toda a espera que isso significa.
E ela está aprendendo que o tempo deixa a espera valiosa, que o tempo cultiva os melhores momentos, na época certa. Sem, claro, deixar de surpreender, de vez em quando.
O café ficou uma delícia.
Não seria ruim mesmo se pudesse dividir mais esse sabor... (e o insistente pensamento, ah, vai não é ruim, volta a tirar suas idéias do lugar).
sábado, abril 18
não sou poeta, nem tento
Nunca esforcei a mente
por fazer poesia
Elas me brotam
da cabeça
para virar logo
bando de rima fria
Nunca fiz malabarismo
para juntar as estrofes
Elas descem correndo
como crianças
na escadaria
Nunca fiz poemas
ao calor de uma sinfonia
Ou no suor de uma procura
de uma rima que não vinha
Nunca fiz poemas
só deixei a alma
vazia
por fazer poesia
Elas me brotam
da cabeça
para virar logo
bando de rima fria
Nunca fiz malabarismo
para juntar as estrofes
Elas descem correndo
como crianças
na escadaria
Nunca fiz poemas
ao calor de uma sinfonia
Ou no suor de uma procura
de uma rima que não vinha
Nunca fiz poemas
só deixei a alma
vazia
quinta-feira, abril 16
pré-indicações
Traga a alma inteira
sem embalagens de presente
Ponha na mala
um pacote de jujubas
Não esqueça o olhar pacífico, decidido, analítico
Recarregue as baterias da máquina, do celular, do MAC
Prove antes um bom vinho
Tenha em mãos um livro
Vista-se como da última vez
que saiu sem medo de se apaixonar
Ah! Esqueça o casaco no carro... não vai fazer frio.
sem embalagens de presente
Ponha na mala
um pacote de jujubas
Não esqueça o olhar pacífico, decidido, analítico
Recarregue as baterias da máquina, do celular, do MAC
Prove antes um bom vinho
Tenha em mãos um livro
Vista-se como da última vez
que saiu sem medo de se apaixonar
Ah! Esqueça o casaco no carro... não vai fazer frio.
tentaram
Alguém me avisou
espera e vai com calma
Outra pessoa se adiantou:
administra suas expectativas
E ainda, em outro instante, ouvi
não vá atirar o coração de graça.
Mas nenhuma delas
ninguém mais
fez em mim
o mesmo efeito definitivo
que você causou.
espera e vai com calma
Outra pessoa se adiantou:
administra suas expectativas
E ainda, em outro instante, ouvi
não vá atirar o coração de graça.
Mas nenhuma delas
ninguém mais
fez em mim
o mesmo efeito definitivo
que você causou.
quarta-feira, abril 15
Chove, ouço Tom Jobim
Quando chove, eu ouço Tom Jobim. Acho que combina. Mas gosto de escutar o Maestro Brasileiro em dias quentes e alegres também.
Quando passo no Elevado do Joá, quando estou no Rio, gosto de ouvir Lulu Santos.
Quando vou correr, a trilha tem que ter algo do Linking Park.
Quando leio em inglês, a música é brasileira.
Quando leio em português, a música é estrangeira.
E para ler poesia, prefiro a trilha sonora do filme Amélie Poulain.
Quando cozinho, ouço Beach Boys.
Quando escrevo, algo folk.
Quando dirijo, nos dias contentes, tem que ter Cake.
Ao trabalhar, ouço várias trilhas. Mas sempre tem que ter Beatles, por vezes Belle e Sebastian.
Com vontade de dançar: Maria Rita, Seu Jorge.
Querendo cantar junto: Marisa Monte.
Para namorar: Frank Sinatra, Jonhny Cash.
Ao andar de ônibus, Franz Ferdinand é imbatível (no último volume, claro).
Na dúvida, e que sempre acaba combinando com tudo: peço para o Jack Johnson cantar.
E para apreciar, simplesmente, sem outra coisa a atrapalhar: Ella Fitzgerald, Nick Drake, Radiohead, Beatles, Bob Dylan.
A minha vida tem sim trilha sonora. E como poderia ser diferente?
(E não necessariamente tudo isso como ordem e regra geral. Por vezes, a gente muda o disco, não?)
Quando passo no Elevado do Joá, quando estou no Rio, gosto de ouvir Lulu Santos.
Quando vou correr, a trilha tem que ter algo do Linking Park.
Quando leio em inglês, a música é brasileira.
Quando leio em português, a música é estrangeira.
E para ler poesia, prefiro a trilha sonora do filme Amélie Poulain.
Quando cozinho, ouço Beach Boys.
Quando escrevo, algo folk.
Quando dirijo, nos dias contentes, tem que ter Cake.
Ao trabalhar, ouço várias trilhas. Mas sempre tem que ter Beatles, por vezes Belle e Sebastian.
Com vontade de dançar: Maria Rita, Seu Jorge.
Querendo cantar junto: Marisa Monte.
Para namorar: Frank Sinatra, Jonhny Cash.
Ao andar de ônibus, Franz Ferdinand é imbatível (no último volume, claro).
Na dúvida, e que sempre acaba combinando com tudo: peço para o Jack Johnson cantar.
E para apreciar, simplesmente, sem outra coisa a atrapalhar: Ella Fitzgerald, Nick Drake, Radiohead, Beatles, Bob Dylan.
A minha vida tem sim trilha sonora. E como poderia ser diferente?
(E não necessariamente tudo isso como ordem e regra geral. Por vezes, a gente muda o disco, não?)
terça-feira, abril 14
ela contempla... imagens
Ela acorda com os olhos no celular. Ainda é cedo, mas ela quer saber se a bateria está carregada. Ninguém deve ligar, ela sabe, está viajando. Mas precisa ter certeza que o telefone não vai desistir de trabalhar durante o passeio.
Ele não é apenas seus ouvidos, é também seus olhos, comporta e substitui toda sua capacidade de contemplar.
A cada impulso, a cada descoberta - era a primeira vez no Rio em 11 anos de vida - rapidamente o testemunha portátil era ativado. Outra imagem.
Clica o aeroporto, o Cristo Redentor, o Corcovado, o Aterro do Flamengo.
Depois, as areias da praia da Barra, a Lagoa de Jacarepaguá, o quero-quero da varanda.
A vista do elevado do Joá? Ela quer levar para casa.
A garça que acabou de pousar no jardim? Ela quer levar para casa.
As flores que enfeitam a mesa da sala? Ela quer levar para casa.
Os coelhinhos de chocolate do café da manhã? Ela quer levar para casa.
E as imperiais palmeiras do Jardim Botânico?
Ela pára para ver e espera... e vê a imagem com calma, no celular.
Ele registra tudo, episódios, pessoas, caras e bocas, comentários...
Registra as cenas, guarda cada momentum tão detalhadamente que dá para fazer animação quadro a quadro depois.
Cadê a paciência de olhar?
E a calma de tentar guardar aquele verde na memória?
Para onde foi a paz de não precisar ter todas as fotos do que acontece no Orkut?
Quem roubou os momentos ùnicos e compartilhados, que ficam sem precisar de marca física?
E quem disse que toda a vida precisa de imagem?
Meus olhos fotografam, mas descansam também.
Talvez eu esteja ficando velha.
Talvez não seja tão high tech quanto imagino.
Ou simplesmente ainda queira muitas muitas muitas coisas à romântica e lenta moda antiga.
Será?
Ele não é apenas seus ouvidos, é também seus olhos, comporta e substitui toda sua capacidade de contemplar.
A cada impulso, a cada descoberta - era a primeira vez no Rio em 11 anos de vida - rapidamente o testemunha portátil era ativado. Outra imagem.
Clica o aeroporto, o Cristo Redentor, o Corcovado, o Aterro do Flamengo.
Depois, as areias da praia da Barra, a Lagoa de Jacarepaguá, o quero-quero da varanda.
A vista do elevado do Joá? Ela quer levar para casa.
A garça que acabou de pousar no jardim? Ela quer levar para casa.
As flores que enfeitam a mesa da sala? Ela quer levar para casa.
Os coelhinhos de chocolate do café da manhã? Ela quer levar para casa.
E as imperiais palmeiras do Jardim Botânico?
Ela pára para ver e espera... e vê a imagem com calma, no celular.
Ele registra tudo, episódios, pessoas, caras e bocas, comentários...
Registra as cenas, guarda cada momentum tão detalhadamente que dá para fazer animação quadro a quadro depois.
Cadê a paciência de olhar?
E a calma de tentar guardar aquele verde na memória?
Para onde foi a paz de não precisar ter todas as fotos do que acontece no Orkut?
Quem roubou os momentos ùnicos e compartilhados, que ficam sem precisar de marca física?
E quem disse que toda a vida precisa de imagem?
Meus olhos fotografam, mas descansam também.
Talvez eu esteja ficando velha.
Talvez não seja tão high tech quanto imagino.
Ou simplesmente ainda queira muitas muitas muitas coisas à romântica e lenta moda antiga.
Será?
sexta-feira, abril 10
Durona, eu?
Eu tinha seis anos quando me descobri dura na queda. Vi que nada daquela menininha de meia-calça colorida e vestidinho existia dentro de mim.
O episódio foi simples. Brincávamos eu e meu melhor amigo (sim, meu melhor amigo de infância era um menino) de subir no carro e pular de cima do capot. Daí lógicamente veio o acidente. Era de noite e o Rodrigo conseguiu pular e cair em cima de mim.
Foi uma dentada certeira na minha cabeça. Horrível.
Eu não chorei. Sério. Só percebi que estava sangrando e chamei mamãe. Ao sair para o hospital, passamos ao lado da casa dele. E lá estava Rodrigo, aos berros, passando gelo no dente! E eu indo para o hospital. Levei três pontos na cabeça, tenho ainda a cicatriz.
Naquela altura, eu percebi, bom, vai, não sou menininha... E depois, nas mudanças da vida, lembro da mamãe a brigar com o papai: --Não deixa a menina carregar isso! E quando ela olhava para o lado, eu levantava sem muito esforço e ela entendia. Eu queria ajudar e não era tão pesado assim...
Os anos se passaram e vi que não sou mesmo do tipo mulherzinha (mas não me entendam mal, gosto de carinho e atenção). Nem curto tanto usar rosa. Mas não é só isso. Não sou de muitas delicadezas. Quero eufemisticamente dizer que sou roots. E estabanada.
Agora, nesse breve feriado, outra prova. Consegui bater de cara nos degraus da piscina. E sair sangrando como se estivesse num filme de ação e sem chorar. Na verdade mesmo, meus olhos se encheram de lágrimas quando cheguei ao Hospital (na Ilha, no Rio, onde nasci), e lembrei que era a primeira vez que eu voltava ali depois da morte do meu avô Joaquim. Ainda sinto falta deles (dos avós maternos, que já perdi).
E aqui estou, meio sem olho, meio pirata, arrasada por ter perdido dois maravilhosos dias de praia. Mas tão contente, por uma série de bons motivos, que não vou duvidar que essa vida é mesmo muito boa! Inclusive quando a gente só tem um olho para contemplar o Jardim Botânico (vejam as fotos novas no flickr).
quinta-feira, abril 9
uivo
Não passava das cinco da tarde
e ela ouviu o ruído daquela ventania habitual
levantou, vestiu o vestido azul e saiu
tinha de ver o mar bagunçado
e deixar seus cabelos assim embaraçar
naquele uivo repetido, gostoso, quase harmônico
o dia estava triste
mas a alma dela vinha louca
louca de descobertas
louca de perceber-se
nova, outra vez
jovem, como sempre
madura, quase
e esse uivo
tão remiscente da infância
tão presente nos momentos
de pensar
esperar
e de pausa
agora era o marco que precisava
para dizer-se
minha vida ainda pode ser tudo
basta deixar
o vento me descabelar.
sorriu e olhou para o lado.
lá estava ele, quieto, suave, a lhe espiar.
e ela ouviu o ruído daquela ventania habitual
levantou, vestiu o vestido azul e saiu
tinha de ver o mar bagunçado
e deixar seus cabelos assim embaraçar
naquele uivo repetido, gostoso, quase harmônico
o dia estava triste
mas a alma dela vinha louca
louca de descobertas
louca de perceber-se
nova, outra vez
jovem, como sempre
madura, quase
e esse uivo
tão remiscente da infância
tão presente nos momentos
de pensar
esperar
e de pausa
agora era o marco que precisava
para dizer-se
minha vida ainda pode ser tudo
basta deixar
o vento me descabelar.
sorriu e olhou para o lado.
lá estava ele, quieto, suave, a lhe espiar.
segunda-feira, abril 6
quero um amor de amarrar a bicicleta
Tirei essa foto e depois que revelei, lembrei dessa música, que gosto tanto, do Jack Johnson.
Ele narra como deu um jeito de chamar a atenção da menina que gostava no colégio: de propósito, fechou a bicicleta dela com a dele no mesmo cadeado.
Ela teve de esperá-lo e... resultado: estão juntos há mais de dez anos.
Segue parte da letra
I was so crazy about you, I didn't mind
So I was late for class, I locked my bike to yours
It wasn't hard to find, you'd painted flowers on
Guess that I was afraid that if you rolled away
You might not roll back my direction real soon
domingo, abril 5
Hoje
Hoje quero abrir a janela para ver algum avião passar
quero ligar o som e esperar Pet Sounds tocar
quero correr para o telefone com
a certeza de ver seu nome na tela
quero achar poesia no meio dessas
simples ocorrências
quero ter um novo verso a cada duas horas
quero esperar uma resposta tua
a cada 7min ago
quero deixar de lado minhas forçosas
desculpas editoriais
que censuram de vir a tona o que
você me provoca
ou que publicam segredos de pé de ouvido
ou de palavras ditas em silêncio
quero conseguir lembrar a tua voz
e dentro dela encaixar a melodia de tuas poucas palavras
quero hoje que o dia passe rápido
que a semana seja farta e cheia de novas descobertas
e que aquele domingo prometido
me traga uma liberdade indescritível
e o mesmo tempo tão real e tão gorda
que tenha de ser vivida a dois
e repetida
repetida
tantas e tantas vezes depois.
quero ligar o som e esperar Pet Sounds tocar
quero correr para o telefone com
a certeza de ver seu nome na tela
quero achar poesia no meio dessas
simples ocorrências
quero ter um novo verso a cada duas horas
quero esperar uma resposta tua
a cada 7min ago
quero deixar de lado minhas forçosas
desculpas editoriais
que censuram de vir a tona o que
você me provoca
ou que publicam segredos de pé de ouvido
ou de palavras ditas em silêncio
quero conseguir lembrar a tua voz
e dentro dela encaixar a melodia de tuas poucas palavras
quero hoje que o dia passe rápido
que a semana seja farta e cheia de novas descobertas
e que aquele domingo prometido
me traga uma liberdade indescritível
e o mesmo tempo tão real e tão gorda
que tenha de ser vivida a dois
e repetida
repetida
tantas e tantas vezes depois.
quinta-feira, abril 2
quero um amor de Pierrot
Sabe quando mereceria que a música ficasse em câmera lenta?
E olha que era o Galo da Madrugada! Mas chegou esse casal de mais de meia-idade com o rodopio singelo fez a multidão parar e olhar.
O envolvimento dos dois, a cumplicidade, a alegria de comemorar tantos anos juntos estava tudo ali estampado no rosto, maquiado, de cada um.
Me fez pensar: quero um amor de Pierrot.
(e olha que eu postei isso DEPOIS do 1º de abril)
terça-feira, março 31
receita pra um diasó
Não é para apenas um dia.
é para o adjetivado dia, na categoria solitário.
Só não de tristeza, mas de quietude e alívio. De respirar mais devagar.De comer com um livro de poesia do lado, para não devorar -- nem o prato, nem as estrofes -- sem saboreá-las nas 32 mastigadas do tiozinho do Green's.
Então, neste dia, (que se repete durante os meses, curiosamente) cozinho como costumo: sem receita a consultar e com o que tem em casa. Só com o carinho de querer comer algo bom e, claro, a inspiração e vigia de Darcy, minha galinha d'angola que fica perto do fogão.
O resultado deste diasó desta semana foi suflê de brócolis com provolone
Pegue dois ovos, bata bem.
Acrescente 3/4 do potinho de iogurte natural desnatado.
Bata novamente (com o fuê e não com batedeira)
Antes, enquanto isso, vá dourando cebola, alho (não pode faltar) no azeite de oliva... Cuidado para não queimar demais!
Daí acrescente a mistura acima.
Vá colocando aos poucos as arvorezinhas (brócolis cortado nos galhinhos)
Abaixe o fogo para mínimo.
Depois, é acrescentar umas duas colheres de milho (de latinha, pode ser), para dar uma corzinha.
Feche a panela com tampa.
Aguarde o tempo de uma faixa do Pet Sounds.
Depois, desfie as fatias de queijo provolone e jogue por cima. Espere um pouquinho, deixe a panela semi-fechada - e ainda tem hífen nisso?
Vigie bem, não me lembro quanto tempo demorou para ficar pronto pois o Tony Belloto me distraiu e deu uma queimadinha no fundo.
Mas no fim, dá um suflê gostoso, com gosto de fui-eu-quem-fiz-e-até-que-não-está-ruim.
Querem tentar?
é para o adjetivado dia, na categoria solitário.
Só não de tristeza, mas de quietude e alívio. De respirar mais devagar.De comer com um livro de poesia do lado, para não devorar -- nem o prato, nem as estrofes -- sem saboreá-las nas 32 mastigadas do tiozinho do Green's.
Então, neste dia, (que se repete durante os meses, curiosamente) cozinho como costumo: sem receita a consultar e com o que tem em casa. Só com o carinho de querer comer algo bom e, claro, a inspiração e vigia de Darcy, minha galinha d'angola que fica perto do fogão.
O resultado deste diasó desta semana foi suflê de brócolis com provolone
Pegue dois ovos, bata bem.
Acrescente 3/4 do potinho de iogurte natural desnatado.
Bata novamente (com o fuê e não com batedeira)
Antes, enquanto isso, vá dourando cebola, alho (não pode faltar) no azeite de oliva... Cuidado para não queimar demais!
Daí acrescente a mistura acima.
Vá colocando aos poucos as arvorezinhas (brócolis cortado nos galhinhos)
Abaixe o fogo para mínimo.
Depois, é acrescentar umas duas colheres de milho (de latinha, pode ser), para dar uma corzinha.
Feche a panela com tampa.
Aguarde o tempo de uma faixa do Pet Sounds.
Depois, desfie as fatias de queijo provolone e jogue por cima. Espere um pouquinho, deixe a panela semi-fechada - e ainda tem hífen nisso?
Vigie bem, não me lembro quanto tempo demorou para ficar pronto pois o Tony Belloto me distraiu e deu uma queimadinha no fundo.
Mas no fim, dá um suflê gostoso, com gosto de fui-eu-quem-fiz-e-até-que-não-está-ruim.
Querem tentar?
querem bis?
E quanto mais
silêncio teu
mais fico eu
num vazio
breu
quanto mais simples
deixo a pergunta
esperada
mais anta, mais só
me sinto.
que adianta?
=====================================
Tão fácil
tão simples
Uma pergunta
E eu já tenho a resposta
rápida, bala, pronta
para te dar
(mais que a resposta te daria)
Mas só tenho o silêncio
E ainda não sei dialogar só.
==========================================
Tenho a mesma pergunta
comigo
Brigo.
Disfarço. Adormeço
e finjo que esqueço
Me visto
me pinto os olhos
a boca
maqueio a dúvida
para isolar a dor
de não saber a resposta
de não querer largar
um amor
silêncio teu
mais fico eu
num vazio
breu
quanto mais simples
deixo a pergunta
esperada
mais anta, mais só
me sinto.
que adianta?
=====================================
Tão fácil
tão simples
Uma pergunta
E eu já tenho a resposta
rápida, bala, pronta
para te dar
(mais que a resposta te daria)
Mas só tenho o silêncio
E ainda não sei dialogar só.
==========================================
Tenho a mesma pergunta
comigo
Brigo.
Disfarço. Adormeço
e finjo que esqueço
Me visto
me pinto os olhos
a boca
maqueio a dúvida
para isolar a dor
de não saber a resposta
de não querer largar
um amor
segunda-feira, março 30
inéditos - outros antonitos
lembram dos antonitos? ah, então passem primeiro por este post antigo
achei meu bloquinho e volto a postar uns poemitos antigos, ok?
Minto para você
como se quisesse
só apenas uma resposta
com aquela pergunta
Você sabe.
Me vê, pelas 'mentiras',
minhas verdades
tão sozinhas
que você as ignora
e só responde o que eu pedi.
=================================
Outra pergunta teu
nome, no papel público,
me trouxe, hoje...
... e vai ter um dia
que vou me esquecer
de você?
ou vai ter um dia
que vou sentar contigo
à mesa
para almoçar?
como antes?
====================================
Socorreram-me nas saudades
me puseram outras canções no ouvido
outras pautas na mesa
outros blocos às mãos
outras caras ao meu redor
Socorreram-me...
Mas ainda espero o teu remédio.
achei meu bloquinho e volto a postar uns poemitos antigos, ok?
Minto para você
como se quisesse
só apenas uma resposta
com aquela pergunta
Você sabe.
Me vê, pelas 'mentiras',
minhas verdades
tão sozinhas
que você as ignora
e só responde o que eu pedi.
=================================
Outra pergunta teu
nome, no papel público,
me trouxe, hoje...
... e vai ter um dia
que vou me esquecer
de você?
ou vai ter um dia
que vou sentar contigo
à mesa
para almoçar?
como antes?
====================================
Socorreram-me nas saudades
me puseram outras canções no ouvido
outras pautas na mesa
outros blocos às mãos
outras caras ao meu redor
Socorreram-me...
Mas ainda espero o teu remédio.
sábado, março 28
Azul
Defina hoje, por um instante: depois dessas mudanças, qual a cor que diria como você está? Qual a palavra que te vem depois de tomar essa decisão?
>> Azul. Livre.
Escreva o texto. Não pense muito. (parte mais difícil, tenho que confessar).
Tudo bem, ganhei a tarefa e eis o texto.
Passa uma suave brisa na porta da casa.
Ela sente o cheiro do mar. Faz muito tempo que não o tem tão próximo. Resolve desligar o ar condicionado, abrir a janela, soltar-se dentro da camisola e dormir com o som roco e insistente do mar.
Acabou a ressaca, e a praia ainda está vazia. Depois que amanhece o dia, de manhã, o azul está diferente aos olhos dela: claro, real, palpável, permanente. Será que um dia vou pensar que o céu deveria ter outra cor?
O azul do mar está diferente: meus óculos escuros os deixavam com outra cor? Ela se perguntava...
Mas essa dùvida acidental não era agora motivo de angústia, de desordem ou conflito. Chega de debates comigo mesma. Agora, só tenho olhos para fora, pensou.
(e quando os olhos ficam para dentro? quando se fecham, cegam, se escondem?)
Não tinha nem preguiça nem vergonha. Só um pouco de miopia.
Resolveu que essa liberdade que tanto tinha custado aos olhos inchaços, horas extras em produzir colirio natural, e cansaço de olhar o mesmo rosto feio, apavorado no reflexo.
A pergunta do ano oito, para onde eu fui, se tornou, de repente a mesma resposta que é chave do nove. Para cá eu fui, cheguei aqui. E se antes me perdi, neste azul mais claro, neste céu mais real, agora me achei.
A liberdade dela, pensa, não é uma bandeira, camiseta, nem o poder de escolha ilimitado. Não, a liberdade é acordar, olhar nos seus próprios olhos e ver o azul deste mar, não na cor, mas na sensação de longos caminhos que ainda restam a trilhar.
Ela via, sim, que a vida ainda não havia parado, e que aceitar o horizonte, o seu limite, não significava ter de voar mais baixo.
De repente percebeu que sempre teve asas, mas como as de um papagaio doméstico semi-livre, elas estavam sempre cortadas. Ora, se as asas eram de sua natureza, o corte é que era bizarrice. Voltarei a deixar crescer quem eu sou. Quero minhas asas do tamanho que são para alcançar esse azul real, concreto, limpo, suave e envolvente.
Assim como me sinto e vejo agora> definitivamente não muito pronta para ser rainha de vida nenhuma, mas louca para ser dona de volta do meu nariz.
>> Azul. Livre.
Escreva o texto. Não pense muito. (parte mais difícil, tenho que confessar).
Tudo bem, ganhei a tarefa e eis o texto.
Passa uma suave brisa na porta da casa.
Ela sente o cheiro do mar. Faz muito tempo que não o tem tão próximo. Resolve desligar o ar condicionado, abrir a janela, soltar-se dentro da camisola e dormir com o som roco e insistente do mar.
Acabou a ressaca, e a praia ainda está vazia. Depois que amanhece o dia, de manhã, o azul está diferente aos olhos dela: claro, real, palpável, permanente. Será que um dia vou pensar que o céu deveria ter outra cor?
O azul do mar está diferente: meus óculos escuros os deixavam com outra cor? Ela se perguntava...
Mas essa dùvida acidental não era agora motivo de angústia, de desordem ou conflito. Chega de debates comigo mesma. Agora, só tenho olhos para fora, pensou.
(e quando os olhos ficam para dentro? quando se fecham, cegam, se escondem?)
Não tinha nem preguiça nem vergonha. Só um pouco de miopia.
Resolveu que essa liberdade que tanto tinha custado aos olhos inchaços, horas extras em produzir colirio natural, e cansaço de olhar o mesmo rosto feio, apavorado no reflexo.
A pergunta do ano oito, para onde eu fui, se tornou, de repente a mesma resposta que é chave do nove. Para cá eu fui, cheguei aqui. E se antes me perdi, neste azul mais claro, neste céu mais real, agora me achei.
A liberdade dela, pensa, não é uma bandeira, camiseta, nem o poder de escolha ilimitado. Não, a liberdade é acordar, olhar nos seus próprios olhos e ver o azul deste mar, não na cor, mas na sensação de longos caminhos que ainda restam a trilhar.
Ela via, sim, que a vida ainda não havia parado, e que aceitar o horizonte, o seu limite, não significava ter de voar mais baixo.
De repente percebeu que sempre teve asas, mas como as de um papagaio doméstico semi-livre, elas estavam sempre cortadas. Ora, se as asas eram de sua natureza, o corte é que era bizarrice. Voltarei a deixar crescer quem eu sou. Quero minhas asas do tamanho que são para alcançar esse azul real, concreto, limpo, suave e envolvente.
Assim como me sinto e vejo agora> definitivamente não muito pronta para ser rainha de vida nenhuma, mas louca para ser dona de volta do meu nariz.
terça-feira, março 24
Nada de mais, espero por você
Quero te escrever, principalmente por que sei que não chegarás a ler.
Não me conheces, mas a verdade é que eu espero por você.
Vejo seu rosto de longe, ouço nossas conversas e espero por você.
Consigo viver neste mundo diferente, mesmo sem saber onde estás por que espero, sim, continuo esperando por você.
E faz diferença que você saiba disto?
E você vai compor de forma diferente por isso?
Não, sabemos que não.
E continuo quieta, para te ouvir, decorar e esperar a próxima canção.
Espero por você, por sua voz, naquelas notas.
Espero por você e enquanto isto, canto suas letras,
por dentro, de cor.
E quando chega a vez de te ouvir, ah, penso como seria ainda melhor
se te ouvisse ao vivo, vivo, comigo.
Espero.
A cada vez que me tocas, espero pela próxima.
Espero pelo replay. É o que sei que posso ter.
Não me conheces, mas a verdade é que eu espero por você.
Vejo seu rosto de longe, ouço nossas conversas e espero por você.
Consigo viver neste mundo diferente, mesmo sem saber onde estás por que espero, sim, continuo esperando por você.
E faz diferença que você saiba disto?
E você vai compor de forma diferente por isso?
Não, sabemos que não.
E continuo quieta, para te ouvir, decorar e esperar a próxima canção.
Espero por você, por sua voz, naquelas notas.
Espero por você e enquanto isto, canto suas letras,
por dentro, de cor.
E quando chega a vez de te ouvir, ah, penso como seria ainda melhor
se te ouvisse ao vivo, vivo, comigo.
Espero.
A cada vez que me tocas, espero pela próxima.
Espero pelo replay. É o que sei que posso ter.
quarta-feira, janeiro 28
Malandro
Malandro é o gato que já nasce de bigode
Malandro é o pato que nasce de dedo colado para não usar aliança
Malandro é o siri que anda de lado para tirar o dele da reta
Malandro é o dono da sauna que ganha dinheiro com o suor dos outros
Malandro é a mulher do saci, que se levar um pé na bunda, quem cai é ele
Malandro é o cavalo marinho, que finge de peixe para não puxar a carroça
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