Ela chega com sua surpresa. E ao mesmo tempo com o previsível.
Passa calada, sem forçar presença, mas ameaça com sua violência negra.
Lá vem ela, para esperar a próxima luz do dia.
Lá vem ela, para preparar todos os olhares para o nascer do sol.
Lá vem ela tirar calor reservado e acumulado, para acalmar cada epiderme.
Chega com essa pressa de mandar logo o senhor soberano descer.
Vem mostrar o prata azul luminado da sua lua.
Vem trazer vontades, força, descanso e cansaço.
Ela se impõe, atiça, e cintila.
E marca, sempre, a espera por um recado, palavra, voz.
Vem a noite, parceira do aguardo. Do sentar-se para ouvir-te, talvez.
Vem a noite, cúmplice dos suspiros, sempre a misteriar o que pode acontecer no seu durante.
Vem a noite, plácida, por vezes lépida, a transbordar talvez alguns segredos.
A trazer, quem sabe, uma confissão.
Passa logo, ou demoradamente, se for sim, ou quando é não.
Viro assim tua seguinte, pedinte, paciente.
Em ti espero e contigo às vezes me aborreço.
Essa noite, calada, nem sempre traz a novidade que me agrada.
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