Faz tempo que minha palavra se enfeitiçou
Saía bonita só para visitar-te
Sentia-se fina para alegrar-te
Aparecia repentina exclusivamente para cortejar-te
Mas minha palavra, sábia
Percebeu, antes do coração, que precisava universalizar-se
Cansou da covardia de não se libertar
Minha palavra lhe deixou
Bem depois do seu adeus.
Meu coração insistiu, brigou, e a fez voltar
E ela, metida, até apareceu, querendo brilhar.
Mas, tão sabida, de louca se fez
No papel deixou o coração
se despedaçar
Na trapaça dela, veio a redenção dele
E não mais a obrigou a dançar
Logo, a palavra, minha, cansada, deixou o tempo revirar
Volta hoje, frondosa
Disposta a não ter o par.
E quem precisa de um único destinatário
para outra vez se publicar?
Minha palavra volta ao seu lar.
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