sábado, abril 1

Casamento da evangélica amiga minha

Pastor fala demais. Vamos chegar mais tarde na igreja?
Todo mundo da turma de arquitetura topou, claro.

20h30 chegamos e foi o tempo certinho de ver a noiva saindo da igreja, acompanhada do ex-noivo-que-acabou-de-virar-marido.

Me escondi no meio da multidão. Primeira surpresa dentro da minha visão estereotipada: os crentes são pontuais sim.

Ok, sem problemas, o resto da galera - éramos doze mosqueiteiros - nem achou ruim o nosso próprio atraso combinado. Sigamos para festa.

Sem música. Isso mesmo. Não tem música rolando. Choque. Como é que esse povo se diverte?
Continuamos na animação habitual de sempre: piadinhas, conversas em voz alta, risadas aqui e acolá. Não demorou dois minutos para chegarem os olhares reprovadores.

Chega o garçom. Claro que só tem refrigerante.
O mais cara-de-pau ainda pergunta: camarada, você não trouxe uma pinguinha por aí, escondidinha não? O garçom respondeu em meio tom de sorriso educado e seriedade: não pode bebida alcóolica, senhor.

O ambiente era agradável e bem familiar. Até chegar a hora de jogar o buquê. Inacreditavelmente nenhuma das amigas da minha amiga se animou a levantar para esperar as flores voarem e se estapear antes de tentar pegá-las. Será que as evangélicas não querem casar? Me perguntei, de novo, na minha ignorância.

E lá vem ela, com vestido branco, rendado e comportado. Chega na nossa mesa. E de repente todo mundo pára de falar. Pronto, pensei agora ela vai pedir que saiamos da festa.

Meninas, vou jogar o buquê. Diante das nossas caras de tacho, ela insiste: vocês não vão me deixar (com ele) na mão, né?

E ela sai discretamente. Eu não vou. Não quero pegar buquê nenhum. Só faltava essa. As outras nem se abalam de comentar. Buquê o quê?

O frison começa... Vem logo galera, eu vou jogar, hein? Fotógrafo posicionado e nenhuma garota, sim, nenhuma estava lá de pé. Percebi que erámos poucas as solteiras! Me senti rapidamente encalhada. Nossa, que frio na barriga.

Veio a consideração de amiga. Ela não pode ficar ali no meio do salão parada esperando, coitada. Com essa desculpa, me levantei. Algumas vieram comigo, num movimento como uma metralhada de misericórdia. Amigas são para essas coisas, discursei. Combinei com as da minha mesa: a gente fica no fundinho...

Na hora H, todas se afastaram rapidamente. Fiquei quase isolada na frente do "batalhão" de 12 ou 13 garotas (algumas nem tão garotinhas assim). E o buquê, claro, atingiu a minha pessoa. Se fosse bola, juro, matava no peito e repassava.

E para completar o mico da noite... Fui devolver o 'presente' à ex-noiva. Não se faz isso, depois descobri. Mas eu é que não ia levar para casa o buquê que ela entrou na igreja toda emocionada (sim, falei da entrada dela como se estivesse presente lá na hora marcada). Eu disse isso para ela e até que colou. Negociei: eu levo o arranjo da mesa no lugar do buquê, pode?

Ela não ia me dizer que não.

[Essa quem me contou foi a Ludmila.]

2 comentários:

Anônimo disse...

Hey, Nanda, gostei mto do blog. Achei a idéia foi mto original (ñ era de se espantar, vindo de vc, neh?!) e os textos são muito bem escritos. De verdade. Só a história da crente achei meio assim "bicho estranho". Como se nós, evangélicos, fossemos de esquisitos, hehheheh. Talves tenha sido impressão.
Beijão!

Fe Velloso disse...

Nando,

era esse meu medo ao escrever o texto. Tentei contar apenas a estória, como me foi contada.

Você bem sabe que não é essa minha opinião.

Veja que no começo do texto eu coloco: "Primeira surpresa dentro da minha visão estereotipada: os crentes são pontuais sim."

De qq forma, se vc se sentiu ofendido, me desculpe, amigo ;/